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sábado, 18 de julho de 2009

Papo de "Véio"

A assunto girava em torno da idade. A nossa turma é de meia idade e meia. O mais novo é o Salles, que nasceu em novembro de 50 e diz que é modelo 51. O mais velho é o Joel, que resolveu esconder a idade quando já não dava mais. E papo de velho é papo velho no Bar do Caçapa. E cada um tem o seu modo de encarar a velhice.
O Honório, o desafeto, é do tipo que faz exame todo mês. Não bebe, não fuma, faz sua caminhada matinal e tem alimentação balanceada. É um madrugador jovial. Um chato. Vive falando pro Baptistinha fazer exames. O Baptistinha diz que não faz:
- “Segundo minhas pesquisas, exame é o maior responsável pelo aparecimento de doenças...”
O Joel diz que o homem tem a idade da mulher com qual ele está. “Ficou velho, ou arruma uma mulher nova ou uma bengalinha”. O Baptistinha sugere as duas: mulher nova e bem galinha. Quando a gente sai, a mulher vira cobradora: “Não está esquecendo nenhum remédio, não? Tá tudo aí? Aquele branquinho do Dr. Guimarães que toma com aquele vermelhinho do Dr Almeida antes das refeições? Aquele grande que você tem dificuldade de engolir? O Dr Ribeiro falou que não pode mastigar ele não! O amarelinho do Dr Antônio, tem que tomar até morrer! E o meu azulzinho pra logo à noite? “. E aí, o Baptistinha já tem de moeda de troca pra cerveja. Menos o último, que ele toma com Plasil, pra fazer amor com a mulher todo dia e não enjoar.
O Salles anda muito preocupado: o médico falou que ele já está na idade de fazer exame um de próstata. Quer marcar uma data. O problema é quando o Salles estará apto a fazer este exame. Ele explica:
-“ O Dr. me falou que pra fazer, tem que ficar 24 horas antes sem andar de bicicleta e fazer sexo. Sem andar de bicicleta, eu até consigo...”
O Eleutério, dono daquele sítio, é o mais hipocondríaco da turma. Quando o Baptistinha, só de sacanagem, diz que descobriram uma doença nova no Japão, ele já começa sentir os sintomas e corre pra casa alucinado. Tem uma agenda de telefones só com nome de médicos. Só que na hora do aperto, é difícil encontrar o telefone do médico, pois ele agendou tudo na letra D: Dr. Plínio, Dr. Clóvis, Dr. Marcos, Dr. Geraldo, Dr. ...
Bom quando a gente se lembrava do aniversário da mulher, de festa em casa de amigo, do futebol semana que vem. Hoje, não. Hoje a gente só se lembra da data da consulta. E vai pro matadouro documentado: radiografia, ultra-sonografia, exame disso, exame daquilo, receita velha, lembrete pra não esquecer as perguntas da mulher e um medo danado do plano de saúde falhar. E você sai de lá com dois destinos: outro novo consultório ou o botequim. Se o último estiver no caminho do primeiro, o último fatalmente será o definitivo.
O Baptistinha tem um ponto de vista sobre a velhice: não falar sobre ela.. Mas diz que pensa muito sobre como será perder sua autonomia. É, porque velho, apesar da prerrogativa, só tem autonomia pra dar benção a afilhado que ele nem lembra mais.
Dos males, o menor. Diz ele que entre Alzheimer e Parkinson, ele prefere a primeira: -“É melhor esquecer de pagar a cerveja do que derrubar tudo na mesa...”

Roberto de Sousa

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