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terça-feira, 14 de julho de 2009

"Acabou nosso carnaval..."

Uma vez li um texto no blog da minha amiga Karla, http://verborréia.blog.terra.com.br, em que ela dizia gostar da idéia de que o Brasil poderia ser um país satanista. Calma, não pensem o pior, o que ela queria discutir é que o brasileiro aproveita todos os feriados católicos para cometer o maior número de pecados possíveis. Ainda me divirto ao lembrar dos trechos em que ela imaginava tudo isso como uma forma de protesto, como se as pessoas estivessem fazendo um grande boicote a Cristo.

Reflexões a parte, o boicote não é contra Deus, é à rotina. O povo brasileiro não perdoa feriado, é como se o mundo fosse acabar ao seu fim. Bebemos tanto na véspera de Natal quanto no 6 de setembro ou 14 de novembro. A importância histórica ou religiosa das datas já não importa mais, já tem até açougue patrocinando missa em Sexta-Feira Santa. O que importa é a folga, é o dia sem aula, é o relógio que pode despertar mais tarde e que vira uma desculpa perfeita para romper com o cotidiano e beber até cair.

Agora, se existe uma festividade católica que mais se parece com uma comemoração pagã, essa é o carnaval. Até parece uma festa em homenagem ao Deus Dionísio, deus do vinho, da embriaguez e dos excessos, principalmente os sexuais. Para quem não sabe, estas festas eram chamadas de bacanais, e eram exatamente do jeito que vocês devem estar imaginando.

O carnaval virou sinônimo de orgia, em todos os sentidos, seja ela sexual, musical, cultural e até cerebral. Tem gente que acha que pode comer todo mundo, e quando eu digo “todo mundo” é todo mundo mesmo, e depois ainda tem a cara de pau de falar que o que acontece no carnaval não conta, tava “mamado”. E as músicas? O gringo que vier pra cá procurando samba tá lascado, o que se ouve na rua é uma confusão de funk com axé eletrônico tocado por uma banda de forró.

Não sou hipócrita de dizer que não aproveito o carnaval da forma em que ele está, também não vim aqui pra falar que faço parte de uma geração perdida ou para tentar convencê-los de cantar o hino nacional no 7 de Setembro. A verdade é que sinto saudades dos velhos carnavais, e se podemos idealizar um bar, porque não um carnaval?

Como em uma colcha costurei retalhos de histórias de carnaval recolhidos pelas noites regadas à cerveja e nostalgia. Como seria bom ter de volta a Banda do Caneco, e de preferência com o Bar do Seu Geraldo em volta. Imaginem vocês, voltarem a fazer música especialmente para o carnaval e depois poderem falar: “Vocês lembram daquela de 2008 que fizeram pro Obama?”, seria sensacional. Melhor, só se as fantasias voltassem às ruas, as mulheres com suas plumas e paetês e os homens com suas camisas listradas e chapéus do Panamá. Que maravilha seria voltar para casa assobiando a música tema daquele ano e encontrar o seu melhor amigo, vestido de anjo, sentado no meio fio e aos prantos porque a Quarta-Feira de Cinzas chegou.

Bruno Lima

2 comentários:

  1. centelha na batucada, rajada de tamborim...
    é isso mesmo night, carnaval tem que ter SAMBA, BLOCO, MULATA, CERVEJA e, pra não perder o costume, um homem de família vestido de baiana.

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  2. É, Bruno. Faz muito, muito tempo que o significado de qualquer feriado é a última coisa que importa. Claro que eu adoro quando fico em casa coçando, mas a bem da verdade é que, sendo um país laico, o Brasil não deveria "comemorar" nenhum feriado religioso.
    Fora que são mais feriados "comerciais" do que religiosos, Natal, Páscoa, é um fervor só nas lojas...

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