Eram desses tipos de amigos inseparáveis, torciam pelo mesmo time, eram parceiros de copo e sócios de violão, o que um tocava o outro cantava. Renato tinha vocação para boemia, era negócio antigo de família, já César tinha o talento. E não havia roda de samba, butiquim ou quarto de zona que não conhecessem na cidade.
E por um desses acasos que o destino nos reserva, Renato conheceu um amor de pequena, dessas que faz o sujeito mudar de vida da noite para o dia. Já não aparecia mais no samba, não passava pela rua do bar quando voltava para casa, esqueceu até de trocar a Ré do violão. O que é pior, passou a acordar cedo aos domingos, começou a assistir Fórmula 1 e até sabia o preço do pão.
César, que continuara na vida de vampiro “alcooltófago”, não aceitava a atual condição do amigo. Ligava nos dias de samba, convidava para um chopp depois do trabalho e o insultava chamando de bicha e de desertor do movimento:
- Pô Renato, quando você vai parar de frescura e sair comigo?
-Você sabe que isso não ia da certo, numa dessas eu bebo demais, acabo aprontando e aí você já viu!!
E o amigo tinha sempre uma pérola na ponta da língua:
- Paixão tem prazo de validade e o namoro já está chegando a três anos.
Renato, mais romântico, retrucava:
- E o amor?
César, vivo que só vendo, rebatia:
- A paixão é monogâmica, mas o amor, meu caro, costura pra fora de vez em quando.
E era assim com todo mundo, qualquer amigo que pensasse em namorar passava a ter esse encosto em sua vida. E coitada da namorada que fosse reclamar com ele. Estendia a mão em direção à moça num sinal de comprimento e com um cinismo irritante, nem por isso menos espirituoso, dizia:
- Muito prazer, Consciência.
Um dia o namoro de Renato chegou ao fim. Estava entrando em casa quando o telefone tocou. Era o César:
- E aí, vamos ou não vamos tomar aquela cervejinha hoje?
Com uma voz triste e desanimada respondeu com uma pergunta:
- Você já deve estar sabendo, né?
- O quê?
- Do meu namoro, bolas!
- O quê que tem?
- Acabou.
E para sua grande surpresa, César amistosamente o consolou:
- Cara, se você não estiver se sentindo muito bem e não tiver a fim de sair, eu entendo. Fim de namoro tem dessas coisas e eu sei que você gostava dela. Qualquer coisa a gente deixa pra semana que vem.
Em uma mistura de raiva e espanto Renato explodiu:
- Porra César! Namorei durante três anos e você me ligava todos os dias pra gente sair, agora que eu terminei você me manda ficar em casa?
Houve um silêncio no outro lado da linha. Renato, mais nervoso ainda, voltou a perguntar:
- Não vai dizer nada?
E César, numa cretinice digna das páginas de Nelson Rodrigues, respondeu:
- Missão cumprida, meu amigo!
Bruno Lima
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// Content goes hereSlide 2
// Content goes hereSlide 3
// Content goes hereterça-feira, 28 de julho de 2009
Aforismos
"O princípio de base do casamento é uma incompreensão mútua"
"A paixão é monogâmica. O amor não; o amor costura pra fora de vez em quando."
"As mulheres tentam a sorte; os homes arriscam a deles."
Augusto Lima
"A paixão é monogâmica. O amor não; o amor costura pra fora de vez em quando."
"As mulheres tentam a sorte; os homes arriscam a deles."
Augusto Lima
domingo, 26 de julho de 2009
Baptistinha 002
Ficar careca é bom pra quem tem cabelo ruim.
Você tem um coração muito bom.
Pra guardar cerveja.
Meu advogado será sempre a sua consciência.
Das juras que ela me faz:
Sou novo bastante para gostar.
E velho demais para acreditar.
Fiquei fascinado:
Minha filha está ficando romântica.
Já até mentiu pro namorado !
Te encontro no sábado.
Se chover pela manhã, vou de tarde.
Se chover de tarde, vou de manhã bem cedo.
O casamento é como um outro esporte qualquer. Tanto pior.
A única diferença, são os votos do juiz no início da peleja:
- Que perca o melhor !
Baptistinha
Você tem um coração muito bom.
Pra guardar cerveja.
Meu advogado será sempre a sua consciência.
Das juras que ela me faz:
Sou novo bastante para gostar.
E velho demais para acreditar.
Fiquei fascinado:
Minha filha está ficando romântica.
Já até mentiu pro namorado !
Te encontro no sábado.
Se chover pela manhã, vou de tarde.
Se chover de tarde, vou de manhã bem cedo.
O casamento é como um outro esporte qualquer. Tanto pior.
A única diferença, são os votos do juiz no início da peleja:
- Que perca o melhor !
Baptistinha
sábado, 25 de julho de 2009
Carlão (o desafeto)
a bebida___________________________________________
Seis horas da manhã e nada do Baptistinha chegar em casa. Me mandaram (sou o cunhado, lógico) procurá-lo. A poucos metros do bar, vejo o Baptistinha entrando no carro pra sair, no maior fogão. Pensei: "Se eu for lá, ele vai me esculhambar, dizendo que não precisa de babá e os cambau. Vou acompanhá-lo de carro pra ver se ele chega bem em casa." E lá fomos. E o Baptistinha entrava em rua, saia de rua. Rodando a cidade toda. Comendo calçada. Falei: "Pô, o Baptistinha tá procurando botequim aberto, não vai pra casa". Ao dobrar uma esquina, vejo o carro do Baptistinha abraçado num poste. "- É você, Carlão ? Pô, que sorte rapaz. Me ajuda aí. Tô no maior cagaço. Tem um cara me perseguindo desde lá do botequim..."
o tira-gosto________________________________________
"Incesto é a relação sexual com a esposa após 30 anos de casamento."
Carlão ( o desafeto)
Seis horas da manhã e nada do Baptistinha chegar em casa. Me mandaram (sou o cunhado, lógico) procurá-lo. A poucos metros do bar, vejo o Baptistinha entrando no carro pra sair, no maior fogão. Pensei: "Se eu for lá, ele vai me esculhambar, dizendo que não precisa de babá e os cambau. Vou acompanhá-lo de carro pra ver se ele chega bem em casa." E lá fomos. E o Baptistinha entrava em rua, saia de rua. Rodando a cidade toda. Comendo calçada. Falei: "Pô, o Baptistinha tá procurando botequim aberto, não vai pra casa". Ao dobrar uma esquina, vejo o carro do Baptistinha abraçado num poste. "- É você, Carlão ? Pô, que sorte rapaz. Me ajuda aí. Tô no maior cagaço. Tem um cara me perseguindo desde lá do botequim..."
o tira-gosto________________________________________
"Incesto é a relação sexual com a esposa após 30 anos de casamento."
Carlão ( o desafeto)
Não vou Falar
a bebida___________________________________________
Hoje não vou falar do Baptistinha. Não acho legal o que está acontecendo. Ele está me usando.
“Pô”, o cara tá fazendo o nome dele as minhas custas ...!!
o tira-gosto________________________________________
O que move esse mundão bêsta, são 3 coisas: Dinheiro e Mulher.
O primeiro, traz o segundo. O segundo, corre atrás do primeiro.
Cabe ao terceiro, sem o primeiro, ter o segundo, pra virar poeta.
Roberto Sousa
Hoje não vou falar do Baptistinha. Não acho legal o que está acontecendo. Ele está me usando.
“Pô”, o cara tá fazendo o nome dele as minhas custas ...!!
o tira-gosto________________________________________
O que move esse mundão bêsta, são 3 coisas: Dinheiro e Mulher.
O primeiro, traz o segundo. O segundo, corre atrás do primeiro.
Cabe ao terceiro, sem o primeiro, ter o segundo, pra virar poeta.
Roberto Sousa
Sede
Baptistinha (arrastado, ameaçado) e Sra. foram visitar um casal de amigos dela. Mas desses casais chatos. Desses que o cara não bebe, faz ginástica, acompanha novela e a mulher, dessas que chamam o marido de “beemm”, daquelas que se aprontam pra dormir, pois podem sonhar que estão numa festa. E tome biscoitinho, bolinho, desses de receita de televisão e o Baptistinha numa vontade danada de tomar uma cerveja. Lá pelas tantas, jogou verde: “- Tá quente, né ...?
A esposa do cara, gentilmente, numa educação superficialmente irritante , lhe serve água.
“- Minha senhora, eu tô é com sede. Não tô sujo, não...”
Joel Nascimento
A esposa do cara, gentilmente, numa educação superficialmente irritante , lhe serve água.
“- Minha senhora, eu tô é com sede. Não tô sujo, não...”
Joel Nascimento
Barriguinha
a bebida___________________________________________
Lá estava o Baptistinha na porta do colégio, na hora da sineta da saída, aguardando passar o estouro da boiada para seguir seu rumo ao boteco. Ficou ali paradinho, mãozinha pra traz, barriguinha pra frente, tentando contar as cabeças. Uma professora, muito gentil, pensou naquele vovô ali esperando e perguntou pra ele:
- “Ôi, vovôzinho, o senhor está esperando alguém ?”
- “Não, minha senhora. É barriga de cerveja mesmo...”
o tira-gosto________________________________________
"Afinal, a perna que o Saci não tem, é a esquerda ou a direita ?"
Salles e 2 quartos (corretor de imóveis)
Lá estava o Baptistinha na porta do colégio, na hora da sineta da saída, aguardando passar o estouro da boiada para seguir seu rumo ao boteco. Ficou ali paradinho, mãozinha pra traz, barriguinha pra frente, tentando contar as cabeças. Uma professora, muito gentil, pensou naquele vovô ali esperando e perguntou pra ele:
- “Ôi, vovôzinho, o senhor está esperando alguém ?”
- “Não, minha senhora. É barriga de cerveja mesmo...”
o tira-gosto________________________________________
"Afinal, a perna que o Saci não tem, é a esquerda ou a direita ?"
Salles e 2 quartos (corretor de imóveis)
Eu não!
Morreu um tio do Baptistinha. O enterro, sábado. Onze horas da manhã. O Baptistinha saindo para tomar sua cervejinha antes do almoço. A mulher sabe cutucar a consciência da gente:
“Ô Baptistinha, toma jeito!. Seu tio morreu!. Você não vai no enterro dele, não!?
Dia ensolarado... , o Salles já passando... , o “torresminho” do Almeidinha... , falou:
“- Num vô não.”
“- Mas porque ?”“- Vô não. Ele não vai no meu...”
Roberto Sousa
“Ô Baptistinha, toma jeito!. Seu tio morreu!. Você não vai no enterro dele, não!?
Dia ensolarado... , o Salles já passando... , o “torresminho” do Almeidinha... , falou:
“- Num vô não.”
“- Mas porque ?”“- Vô não. Ele não vai no meu...”
Roberto Sousa
Tome Uniformoral em gotas
UNIFORMORAL
( droga otorrinocular produzida pela M.I.D.I.A. * )
* Movimento Internacional De Imbecialização do Adolescente
É, tá tudo cem por cento,
No momento.
Todo mundo de uniforme,
Nos conforme.
Na tirada do rascunho,
Se perde o fio da meada.
Abre a boca, fecha o punho
Tem que ser conforme o ensaio
A esquerda na direita, dada
Paia, nêgo paia
Vaia, e tome vaia
Juventude americana
Bababacana
Todo mundo uniforme
Coliforme
É muito venas, a sacada.
É maionese, é gelatina.
Abre a boca e cala a mão,
Já vem pronto da latrina
Vem de cima, guela abaixo, dada.
Roberto Sousa
( droga otorrinocular produzida pela M.I.D.I.A. * )
* Movimento Internacional De Imbecialização do Adolescente
É, tá tudo cem por cento,
No momento.
Todo mundo de uniforme,
Nos conforme.
Na tirada do rascunho,
Se perde o fio da meada.
Abre a boca, fecha o punho
Tem que ser conforme o ensaio
A esquerda na direita, dada
Paia, nêgo paia
Vaia, e tome vaia
Juventude americana
Bababacana
Todo mundo uniforme
Coliforme
É muito venas, a sacada.
É maionese, é gelatina.
Abre a boca e cala a mão,
Já vem pronto da latrina
Vem de cima, guela abaixo, dada.
Roberto Sousa
Chega!!!!
Seria quase fatídico. Qualquer posição de cunho autárquico, se tornaria semântica, ou quase reciprocamente unilateral. Ninguém queria isto.
Muito mais correto seria, se liberar as contingências vigentes naquele momento. Edificaria, de uma forma ou de outra, sem problemas para todos nós.
Mas há sempre aqueles que, sorrateiramente, coaxam leis uterinas, buscando nos levar as raias da pertinência bucólica, só com interesses espasmódicos ou líricos. Mais uma vez, não interessava a nenhum de nós. Casuísmo? - Vaticínio? - Anfibismo? – Gripe Suína?, não, somente a demagogia pedagógica dos envolvimentos, como um subterfúgio, que só as mentes que têm vernáculos escusos nos ousam falar, apesar de mudas. Não, definitivamente, não!
Mas vida que segue. São híbridos fecundos de uma só opinião pluralista. São usuários pertinentes dos devaneios marxistas. Corja de croatas.
Se eles soubessem que o dogma é uma artrose condensadora, seriam mais prolixos, menos cosmopolitas. Sobraria solidariedade na plenitude do desenvolvimento arcaico, sem pena de perder o conforto de uma vida de cunho social, eminentemente isolada dos homens.
Mas não serei eu a emitir a primeira pedra. Estou a margem do egocentrismo que envolve as nuances perigosas das personalidades cabalísticas que nos rodeiam. Cuidado, você! - os eunucos metabólicos estão aí ! - os pinçadores de maneirismos, podem deixá-lo isento da liberdade hipócrita, e pior, exarcebá-lo, desde as entranhas, ao ápice de sua velhice pueril, tão sofrida, tão efêmera, como a deste que vos fala ...
Roberto Sousa
Muito mais correto seria, se liberar as contingências vigentes naquele momento. Edificaria, de uma forma ou de outra, sem problemas para todos nós.
Mas há sempre aqueles que, sorrateiramente, coaxam leis uterinas, buscando nos levar as raias da pertinência bucólica, só com interesses espasmódicos ou líricos. Mais uma vez, não interessava a nenhum de nós. Casuísmo? - Vaticínio? - Anfibismo? – Gripe Suína?, não, somente a demagogia pedagógica dos envolvimentos, como um subterfúgio, que só as mentes que têm vernáculos escusos nos ousam falar, apesar de mudas. Não, definitivamente, não!
Mas vida que segue. São híbridos fecundos de uma só opinião pluralista. São usuários pertinentes dos devaneios marxistas. Corja de croatas.
Se eles soubessem que o dogma é uma artrose condensadora, seriam mais prolixos, menos cosmopolitas. Sobraria solidariedade na plenitude do desenvolvimento arcaico, sem pena de perder o conforto de uma vida de cunho social, eminentemente isolada dos homens.
Mas não serei eu a emitir a primeira pedra. Estou a margem do egocentrismo que envolve as nuances perigosas das personalidades cabalísticas que nos rodeiam. Cuidado, você! - os eunucos metabólicos estão aí ! - os pinçadores de maneirismos, podem deixá-lo isento da liberdade hipócrita, e pior, exarcebá-lo, desde as entranhas, ao ápice de sua velhice pueril, tão sofrida, tão efêmera, como a deste que vos fala ...
Roberto Sousa
sábado, 18 de julho de 2009
Bicicletas
Conversa de Botequim
Roberto J. Sousa.
o papo_____________________________________________
É absurda a quantidade de ciclistas nas calçadas. E ele é teimoso. Como se não bastasse andar na contra mão das ruas, faz da calçada uma ciclovia. Será que esses "peidaleiros" não atinam o perigo da empreitada ? E não é só criança, não ! . É cada marmanjo que passa zunindo, tirando fininho na gente, pobres pedestres. Você tem que olhar para os dois lados na hora de pegar calçada. Ou colocar espelho lateral na porta da rua. Não para. Com a velocidade que vem, não para. Vai te jogar pra cima ou te dar carona no guidão. Você dá a maior bronca e eles ainda vão rindo !. Não tem placa pra gente anotar, então fica por isso mesmo. A polícia tinha que passar um sabão nesses caras. O estrago que faz uma bicicleta atropelando alguém é grande. Pergunta a quem já viu ou sofreu. O quebra-mola que saiu da rua vai ter que mudar pra calçada. E temos muitas bicicletas em Leopoldina. Podiam fazer uma campanha de educação para os ciclistas. Tomar a carteira não pode porque não tem. Então toma o pedal. Pronto. Andou na contra mão ou na calçada, perde o pedal do lado direito. Reincidiu ? Toma o pedal do lado esquerdo. Mais uma vez ? Tira o assento e volta com os pedais. Tem que andar entubado durante 30 dias. Quero ver. Todas as empresas que fazem uso de bicicletas para entregas, office-boys, etc., devem orientar seus ciclistas neste sentido. Ou então espetar aquele aviso na bunda de cada um: "Se não estou bicicletando direito, ligar para 444-6666". Nós, das calçadas, não temos nada com a briga de automóveis e bicicletas. Eles que se entendam por lá. Pra frente, vamos sentar o pau nos motoqueiros irresponsáveis. São os bicicleteiros mais graduados. Os motoristas, depois. Depois em todo mundo.
a bebida___________________________________________
E lá está o Baptistinha as quatro da manhã, num fogo danado, fazendo pipi numa das árvores do jardim. Parecia um chafariz. Não pelo volume. Pela diversidade de jatos. Exatamente na hora que as operárias da fábrica de tecidos estão passando para pegar no serviço. O espanto de cada uma é previsível: - "Ai, Meu Deus. Que vergonha . Que coisa indecente . Nossa Senhora. Cruzes. Passa depressa. Não olha não !!!!"
E o Baptistinha, para acalmar as moças, declara com aquela voz de bebum:
- "Ôceis num preocupa não. O bicho é brabo, mas tá na mão de homem..."
o tira-gosto________________________________________
"Não tem porque ser pessimista. Não vai dar certo mesmo... "
Roberto J. Sousa.
o papo_____________________________________________
É absurda a quantidade de ciclistas nas calçadas. E ele é teimoso. Como se não bastasse andar na contra mão das ruas, faz da calçada uma ciclovia. Será que esses "peidaleiros" não atinam o perigo da empreitada ? E não é só criança, não ! . É cada marmanjo que passa zunindo, tirando fininho na gente, pobres pedestres. Você tem que olhar para os dois lados na hora de pegar calçada. Ou colocar espelho lateral na porta da rua. Não para. Com a velocidade que vem, não para. Vai te jogar pra cima ou te dar carona no guidão. Você dá a maior bronca e eles ainda vão rindo !. Não tem placa pra gente anotar, então fica por isso mesmo. A polícia tinha que passar um sabão nesses caras. O estrago que faz uma bicicleta atropelando alguém é grande. Pergunta a quem já viu ou sofreu. O quebra-mola que saiu da rua vai ter que mudar pra calçada. E temos muitas bicicletas em Leopoldina. Podiam fazer uma campanha de educação para os ciclistas. Tomar a carteira não pode porque não tem. Então toma o pedal. Pronto. Andou na contra mão ou na calçada, perde o pedal do lado direito. Reincidiu ? Toma o pedal do lado esquerdo. Mais uma vez ? Tira o assento e volta com os pedais. Tem que andar entubado durante 30 dias. Quero ver. Todas as empresas que fazem uso de bicicletas para entregas, office-boys, etc., devem orientar seus ciclistas neste sentido. Ou então espetar aquele aviso na bunda de cada um: "Se não estou bicicletando direito, ligar para 444-6666". Nós, das calçadas, não temos nada com a briga de automóveis e bicicletas. Eles que se entendam por lá. Pra frente, vamos sentar o pau nos motoqueiros irresponsáveis. São os bicicleteiros mais graduados. Os motoristas, depois. Depois em todo mundo.
a bebida___________________________________________
E lá está o Baptistinha as quatro da manhã, num fogo danado, fazendo pipi numa das árvores do jardim. Parecia um chafariz. Não pelo volume. Pela diversidade de jatos. Exatamente na hora que as operárias da fábrica de tecidos estão passando para pegar no serviço. O espanto de cada uma é previsível: - "Ai, Meu Deus. Que vergonha . Que coisa indecente . Nossa Senhora. Cruzes. Passa depressa. Não olha não !!!!"
E o Baptistinha, para acalmar as moças, declara com aquela voz de bebum:
- "Ôceis num preocupa não. O bicho é brabo, mas tá na mão de homem..."
o tira-gosto________________________________________
"Não tem porque ser pessimista. Não vai dar certo mesmo... "
Mulheres e mulheres...
Conversa de Botequim
Roberto J. Sousa.
o papo_____________________________________________
Nádegas. Absolutamente nádegas. O brasil embundeceu. É o que mais dá. Na TV, na capa de revista, no sonho e na cabeça do brasileiro. O Brasil ficou com cara de bunda. Se você perguntar pra ele por quê, ele vai levantar os ombros e as mãos, num gesto de não sei, e falar: Prrrrff !!! Parece que a bunda virou pra frente. Aquela bunda primeiro eu. Aparece uma mulher na telinha. De cara, ela mostra uma bunda rebolativa. Sinal de sucesso. De inteligência. Banho de cultura. Minha geração também tinha suas musas. Cada mulherão! Mas mulher mesmo. Não só no corpo. As cabeças pensavam. Tinha um amigo meu que só saía com uma mulher depois de umas quatro horas de papo. Era o vestibular da cama. Se levasse pau, não levava pau. Muda, ele nem chegava. A mulher tem que sair dessa de vender imagem de objeto. Senão o homem pega, usa e vai embora. E não é por aí. Pera aí, isto não é regra !!! Tem pelo menos umas oito que fogem dela. Não sei. Na minha época, a gente tinha nos meios de comunicação, um amparo intelectual que era tão badalado quanto as bundas. O Brasil desculturou. Não é papo de que na minha época era melhor. Basta ver. As Tvs por assinatura arrastaram uma parte da população que ainda é sedenta de cultura e de lazer mais inteligente. Por isso, os canais normais tiveram que baixar o nível. Quanto mais baixo, mais ibope. Vocês já notaram que os apresentadores de programas falam como se o telespectador fosse um idiota? Tudo explicadinho, erradinho, imbecilzinho. Programa de auditório merecia uma auditoria. E tome sertanejo. E tome pagode. E tome bunda. Programa melhor ? Depois da meia noite. A cambada já foi dormir. Mas voltando a mulher. A mulher tem que ser sensual, sem ser vulgar. Inteligente (apesar disso não ser muito feminino. Não resistir em falar essa. Desculpem-me as mulheres). Bonita, mesmo sendo feia. Intelectual, sem ser pedante. Amiga. Interessante, insinuante, sem ser do tcham. E principalmente, ter uma linda bundinha.
a bebida___________________________________________
O Salles e o Baptistinha costumam ficar de mal. Volta e meia estão as turras. Politicamente divergentes. Torcedores divergentes. Bebidamente divergentes. De ver gente irritada, gostam. É a única coisa em comum. E falam um do outro e o outro do um. Dia desses, Baptistinha pegou o Salles de jeito e deu a maior decisão:
"- Ô Salles, o negócio é o seguinte: você para de falar mentiras sobre mim que eu paro de falar verdades sobre você !"
o tira-gosto________________________________________
"Cortei a bebida e a comida gordurosa. Em duas semanas, perdi 14 dias."
Roberto J. Sousa.
o papo_____________________________________________
Nádegas. Absolutamente nádegas. O brasil embundeceu. É o que mais dá. Na TV, na capa de revista, no sonho e na cabeça do brasileiro. O Brasil ficou com cara de bunda. Se você perguntar pra ele por quê, ele vai levantar os ombros e as mãos, num gesto de não sei, e falar: Prrrrff !!! Parece que a bunda virou pra frente. Aquela bunda primeiro eu. Aparece uma mulher na telinha. De cara, ela mostra uma bunda rebolativa. Sinal de sucesso. De inteligência. Banho de cultura. Minha geração também tinha suas musas. Cada mulherão! Mas mulher mesmo. Não só no corpo. As cabeças pensavam. Tinha um amigo meu que só saía com uma mulher depois de umas quatro horas de papo. Era o vestibular da cama. Se levasse pau, não levava pau. Muda, ele nem chegava. A mulher tem que sair dessa de vender imagem de objeto. Senão o homem pega, usa e vai embora. E não é por aí. Pera aí, isto não é regra !!! Tem pelo menos umas oito que fogem dela. Não sei. Na minha época, a gente tinha nos meios de comunicação, um amparo intelectual que era tão badalado quanto as bundas. O Brasil desculturou. Não é papo de que na minha época era melhor. Basta ver. As Tvs por assinatura arrastaram uma parte da população que ainda é sedenta de cultura e de lazer mais inteligente. Por isso, os canais normais tiveram que baixar o nível. Quanto mais baixo, mais ibope. Vocês já notaram que os apresentadores de programas falam como se o telespectador fosse um idiota? Tudo explicadinho, erradinho, imbecilzinho. Programa de auditório merecia uma auditoria. E tome sertanejo. E tome pagode. E tome bunda. Programa melhor ? Depois da meia noite. A cambada já foi dormir. Mas voltando a mulher. A mulher tem que ser sensual, sem ser vulgar. Inteligente (apesar disso não ser muito feminino. Não resistir em falar essa. Desculpem-me as mulheres). Bonita, mesmo sendo feia. Intelectual, sem ser pedante. Amiga. Interessante, insinuante, sem ser do tcham. E principalmente, ter uma linda bundinha.
a bebida___________________________________________
O Salles e o Baptistinha costumam ficar de mal. Volta e meia estão as turras. Politicamente divergentes. Torcedores divergentes. Bebidamente divergentes. De ver gente irritada, gostam. É a única coisa em comum. E falam um do outro e o outro do um. Dia desses, Baptistinha pegou o Salles de jeito e deu a maior decisão:
"- Ô Salles, o negócio é o seguinte: você para de falar mentiras sobre mim que eu paro de falar verdades sobre você !"
o tira-gosto________________________________________
"Cortei a bebida e a comida gordurosa. Em duas semanas, perdi 14 dias."
Assovio
Conversa de Botequim
Roberto J. Sousa.
o papo_____________________________________________
Mal sinal. Há muito tempo não escuto, na calada madrugada, alguém passando pela minha rua, assoviando. Mal sinal. Um assovio, assim de repente, é a maior demonstração da alegria que está lá dentro da gente. Se o momento é feliz, o cara assovia. E quase sempre a mesma musiquinha e nunca até o final. Povo que não assovia, povo infeliz. E é gostoso. Aquele som de flautinha, que é um assovio encanado, varando a noite. Os passos na calçada marcando o compasso. Não resisto em abrir um pouquinho a cortina para ver quem tem a ousadia de ser feliz. Pra mim, assoviar é voltar pra casa. Meu pai era um “assoviador”. Se não queria responder, assoviava. Eu já sabia qual a resposta. Ele conheceu minha mãe, assoviando: “Fiu... fiuuuu....”. Lembra do filme “A Ponte do Rio Kwai” ? O assovio da música fez mais sucesso do que o filme. O assovio tem também um toque de orgulho. Vide filme. É também descontração. (tá parecendo propaganda de assovio...). É a vontade que o homem tem de virar passarinho. E passarinho é o bicho mais despreocupado da natureza. Solto, deveria se chamar alegria. É a própria. Assoviar enquanto estamos vivos. A alma precisa do corpo pra assoviar. E aqui é muito bom. É tão boa a vida, que quando a gente morre eles fecham nossos os olhos pra gente não aprender o caminho de volta. O gente egoísta!!. E o assovio é democrático. O mudo assobia. Em braile. O cego também. Só não sabe por onde. O surdo também. Só não sabe qual a música que está assoviando. Então, faz bico e sopra. É por aí. Estou fazendo a campanha do assobio. Vamos assobiar. Fazendo a barba, lavando roupa, dirigindo, assobie. Bem alto. Para mostrar que você é feliz, apesar. Assoviar é a marca registrada do estado d’alma. É soprar felicidade nos outros.
a bebida___________________________________________
A Dirce é a única mulher que freqüenta o boteco diariamente e noitadamente. É uma Dolores Duran da vida. Uma Maysa. Boa de copo. Boa de papo. Tão vivida que deixa homem velho ruborizado. Está com uns 50. Mas com um corpinho de 49. Ninguém diz. E o Salles é doido pra transar com ela. Papo rolando entre os dois e lá pelas tantas ele ataca:
“- Sabe que eu sempre quis dormir com você ?”
E ela depois de uma golada daquelas de lamber copo:
“-Se dormir, vai ser o primeiro...”
o tira-gosto________________________________________
“Você quer ver? escuta...”
Roberto J. Sousa.
o papo_____________________________________________
Mal sinal. Há muito tempo não escuto, na calada madrugada, alguém passando pela minha rua, assoviando. Mal sinal. Um assovio, assim de repente, é a maior demonstração da alegria que está lá dentro da gente. Se o momento é feliz, o cara assovia. E quase sempre a mesma musiquinha e nunca até o final. Povo que não assovia, povo infeliz. E é gostoso. Aquele som de flautinha, que é um assovio encanado, varando a noite. Os passos na calçada marcando o compasso. Não resisto em abrir um pouquinho a cortina para ver quem tem a ousadia de ser feliz. Pra mim, assoviar é voltar pra casa. Meu pai era um “assoviador”. Se não queria responder, assoviava. Eu já sabia qual a resposta. Ele conheceu minha mãe, assoviando: “Fiu... fiuuuu....”. Lembra do filme “A Ponte do Rio Kwai” ? O assovio da música fez mais sucesso do que o filme. O assovio tem também um toque de orgulho. Vide filme. É também descontração. (tá parecendo propaganda de assovio...). É a vontade que o homem tem de virar passarinho. E passarinho é o bicho mais despreocupado da natureza. Solto, deveria se chamar alegria. É a própria. Assoviar enquanto estamos vivos. A alma precisa do corpo pra assoviar. E aqui é muito bom. É tão boa a vida, que quando a gente morre eles fecham nossos os olhos pra gente não aprender o caminho de volta. O gente egoísta!!. E o assovio é democrático. O mudo assobia. Em braile. O cego também. Só não sabe por onde. O surdo também. Só não sabe qual a música que está assoviando. Então, faz bico e sopra. É por aí. Estou fazendo a campanha do assobio. Vamos assobiar. Fazendo a barba, lavando roupa, dirigindo, assobie. Bem alto. Para mostrar que você é feliz, apesar. Assoviar é a marca registrada do estado d’alma. É soprar felicidade nos outros.
a bebida___________________________________________
A Dirce é a única mulher que freqüenta o boteco diariamente e noitadamente. É uma Dolores Duran da vida. Uma Maysa. Boa de copo. Boa de papo. Tão vivida que deixa homem velho ruborizado. Está com uns 50. Mas com um corpinho de 49. Ninguém diz. E o Salles é doido pra transar com ela. Papo rolando entre os dois e lá pelas tantas ele ataca:
“- Sabe que eu sempre quis dormir com você ?”
E ela depois de uma golada daquelas de lamber copo:
“-Se dormir, vai ser o primeiro...”
o tira-gosto________________________________________
“Você quer ver? escuta...”
Pela Noite
Conversa de Botequim
Roberto J. Sousa.
o papo_____________________________________________
Rodando pela noite, "rastreando" calçada, ouvi barulho de música na rua. Não, não era desses "arautomóveis" de porta-malas abertos, com 957 decibéismentais, não! Era música mesmo! – da Boa!! - ao Vivo!!! - no Bar !!!! – na Rua !!!!!
Rapaz, que coisa boa voltar a ouvir música nas ruas de Leopoldina. Olha, há muito tempo atrás este locutor que vos fala, assim ia "mimir". "Mais que nunca é preciso cantar e alegrar a cidade". Eu acho que o brasileiro já nasceu escalado pra ser cantor. Canta no chuveiro, canta no carro, canta mulher, canta de galo, canta tudo.
E as pessoas vão chegando. As mesas, que estavam cheias de ninguém, se preparam. O menino de cabelo na moda e a menina de pulseira nova, sentam. O casal que sai, mas não conversa um com o outro de jeito nenhum, senta. O "véi cum a véia", sentam. Marido e mulher, com os filhos pentelhos, sentam. A perua, abunda-se. O chato, senta, levanta, senta, levanta, senta ... A desquitada, liga o radar e senta. O que não tem, isenta. O que tem, senta, a mão. O que acha que tem, tenta. O político, de quatro em quatro anos, senta. O eleitor, durante o intervalo anterior, senta. O galã de botequim, faz pose e senta. A mariposa, pousa. O bicha, assenta. Todo mundo senta. Pra ouvir. Pra cantar. Pra ser igual. Pra participar. Picaretas e safados que sacaneiam os outros, escutai, essa é a grande sacanagem. Participar. A música agrega. E quando termina, fica aquela sensação do dever . Dever voltar amanhã. E a certeza que, no dia seguinte, você vai achar todo mundo feliz, gentil, camarada, amigo, até a hora que um filho da mãe estragar o seu dia.... (e é por que ele não foi lá ontem...). Dono de casa noturna, bar, botequim, venda, barraca, reis da noite: deixa cantar. Deixa tocar. Incomoda não. Amador ou profissional. Ganhando dinheiro ou não. Deixa cantar. No clube, no salão, na calçada, na serenata, na rua. Nem que for a sua própria filha. Deixa cantar. Deixa encantar. A gente precisa.
a bebida___________________________________________
Saca aquele boêmio, bom de copo, bom de papo, geralmente aposentado dos Correios e Telégrafos, do Ministério da Justiça, pois bem, o Baptistinha é um deles. H2O, de jeito nenhum. Só CHOP2 . E tem que tá cudefoca. Senão, fica vermelho-alemão. E nazista. Um dia, ou melhor, uma noite, entrou no botequim todo afobado:
- "Rapaz, sabe o alambique do Arruda, pois é, a caldeira explodiu !
Foi um negócio terrível. Dois empregados dele morreram na hora. Um menino, filho de
um deles, que estava ajudando, só perdeu um braço...
O resto do corpo eles acharam... "
o tira-gosto________________________________________
"Tá bom porque tá ruim, seria melhor se estivesse pior."
Roberto J. Sousa.
o papo_____________________________________________
Rodando pela noite, "rastreando" calçada, ouvi barulho de música na rua. Não, não era desses "arautomóveis" de porta-malas abertos, com 957 decibéismentais, não! Era música mesmo! – da Boa!! - ao Vivo!!! - no Bar !!!! – na Rua !!!!!
Rapaz, que coisa boa voltar a ouvir música nas ruas de Leopoldina. Olha, há muito tempo atrás este locutor que vos fala, assim ia "mimir". "Mais que nunca é preciso cantar e alegrar a cidade". Eu acho que o brasileiro já nasceu escalado pra ser cantor. Canta no chuveiro, canta no carro, canta mulher, canta de galo, canta tudo.
E as pessoas vão chegando. As mesas, que estavam cheias de ninguém, se preparam. O menino de cabelo na moda e a menina de pulseira nova, sentam. O casal que sai, mas não conversa um com o outro de jeito nenhum, senta. O "véi cum a véia", sentam. Marido e mulher, com os filhos pentelhos, sentam. A perua, abunda-se. O chato, senta, levanta, senta, levanta, senta ... A desquitada, liga o radar e senta. O que não tem, isenta. O que tem, senta, a mão. O que acha que tem, tenta. O político, de quatro em quatro anos, senta. O eleitor, durante o intervalo anterior, senta. O galã de botequim, faz pose e senta. A mariposa, pousa. O bicha, assenta. Todo mundo senta. Pra ouvir. Pra cantar. Pra ser igual. Pra participar. Picaretas e safados que sacaneiam os outros, escutai, essa é a grande sacanagem. Participar. A música agrega. E quando termina, fica aquela sensação do dever . Dever voltar amanhã. E a certeza que, no dia seguinte, você vai achar todo mundo feliz, gentil, camarada, amigo, até a hora que um filho da mãe estragar o seu dia.... (e é por que ele não foi lá ontem...). Dono de casa noturna, bar, botequim, venda, barraca, reis da noite: deixa cantar. Deixa tocar. Incomoda não. Amador ou profissional. Ganhando dinheiro ou não. Deixa cantar. No clube, no salão, na calçada, na serenata, na rua. Nem que for a sua própria filha. Deixa cantar. Deixa encantar. A gente precisa.
a bebida___________________________________________
Saca aquele boêmio, bom de copo, bom de papo, geralmente aposentado dos Correios e Telégrafos, do Ministério da Justiça, pois bem, o Baptistinha é um deles. H2O, de jeito nenhum. Só CHOP2 . E tem que tá cudefoca. Senão, fica vermelho-alemão. E nazista. Um dia, ou melhor, uma noite, entrou no botequim todo afobado:
- "Rapaz, sabe o alambique do Arruda, pois é, a caldeira explodiu !
Foi um negócio terrível. Dois empregados dele morreram na hora. Um menino, filho de
um deles, que estava ajudando, só perdeu um braço...
O resto do corpo eles acharam... "
o tira-gosto________________________________________
"Tá bom porque tá ruim, seria melhor se estivesse pior."
Como Funciona
Conversa de Botequim
Roberto J. Sousa.
o papo_____________________________________________
Eu não sei se é só Leopoldina ou é o universo. Nunca vi tanta dificuldade em relacionamentos matrimoniais. É marido com amante. É amante, casada, do marido da mulher que é amante do namorado da noiva desvirginada pelo marido da primeira, que tá afim de ganhar o filho do amigo, que fez 15 anos, que namora a filha do amante, que tem 14 mas parece que tem 38, porque um amigo dele bateu pra ele que ela dá e que ele já comeu, no dia que o marido daquela vizinha dele, que também dá, saiu de viagem para um programa com o cunhado, deixando o caminho livre pra ele, depois que ele saiu com a viúva do 402, que por sinal é muito da boa. (é uma novela da globo). Entendeu ? Nem eu. E dessa história toda, surgem personagens dignos de um filme de Fellini, com roteiro do Plínio Marcos e história do Nelson Rodrigues. O ator-marido principal poderia chamar “Galã de Botequim”: voz de locutor de novela mexicana..., sorriso colgate..., topete de Adílson Ramos..., cara de tango..., andar de bolero... Acha que toda mulher quer dar pra ele. Acaba não comendo nada e dormindo na zona. A atriz-amante poderia chamar “Chester”: mistura de perua com galinha. Normalmente solteirona ou desquitada. Adora fazer ronda. Usa roupa super apertada para mostrar que já foi “boazuda”. Espera encontrar numa noite, o que perdeu em um dia. Como todo chester, acaba sendo comida só uma vez por ano. A atriz-esposa eu chamo de “Dona-méstica”: está domesticada. Sabe que o marido dá suas voltinhas mas banca a dignidade. Vive(?) para a família(?). É o personagem mais sofrido(?). Não se manda, para não perder a mordomia. Fraca, muito fraca. Tem sempre uma amiga confidente (com cara de quem tá afim do maridão). Quando fica viúva, solta a franga, vira atriz-amante. Pronto. O famoso e eterno triângulo está formado. E a família? Onde está a família? Se você, (menino novo ou menina nova), não quiser virar personagem, não faz isso não. Só namora. Se for casar, casa pensando que é pra valer. Valer a pena (pena de dó). O casamento, apesar de tudo, é quase tudo. O casamento só tem uma coisa ruim, o Divórcio: é que ele dá oportunidade de você casar outra vez...
a bebida___________________________________________
Voltando de uma festa, já alta madrugada, vejo o Baptistinha pousado no meio-fio da rua deserta, olhando para o infinito. A noitada deve ter sido muito boa.
“- O Baptistinha, o que você está fazendo aí? “Vão’bora, sô. Eu te dou uma carona !”
“- Não, “vô” não”
“- Que isso, rapaz, vamos!”
“- Não. Estou esperando.”
“- Esperando o quê, cara ?”
“- Passar um bar...”
o tira-gosto________________________________________
Quem faz por você, normalmente está fazendo primeiro pra ele mesmo.
Roberto J. Sousa.
o papo_____________________________________________
Eu não sei se é só Leopoldina ou é o universo. Nunca vi tanta dificuldade em relacionamentos matrimoniais. É marido com amante. É amante, casada, do marido da mulher que é amante do namorado da noiva desvirginada pelo marido da primeira, que tá afim de ganhar o filho do amigo, que fez 15 anos, que namora a filha do amante, que tem 14 mas parece que tem 38, porque um amigo dele bateu pra ele que ela dá e que ele já comeu, no dia que o marido daquela vizinha dele, que também dá, saiu de viagem para um programa com o cunhado, deixando o caminho livre pra ele, depois que ele saiu com a viúva do 402, que por sinal é muito da boa. (é uma novela da globo). Entendeu ? Nem eu. E dessa história toda, surgem personagens dignos de um filme de Fellini, com roteiro do Plínio Marcos e história do Nelson Rodrigues. O ator-marido principal poderia chamar “Galã de Botequim”: voz de locutor de novela mexicana..., sorriso colgate..., topete de Adílson Ramos..., cara de tango..., andar de bolero... Acha que toda mulher quer dar pra ele. Acaba não comendo nada e dormindo na zona. A atriz-amante poderia chamar “Chester”: mistura de perua com galinha. Normalmente solteirona ou desquitada. Adora fazer ronda. Usa roupa super apertada para mostrar que já foi “boazuda”. Espera encontrar numa noite, o que perdeu em um dia. Como todo chester, acaba sendo comida só uma vez por ano. A atriz-esposa eu chamo de “Dona-méstica”: está domesticada. Sabe que o marido dá suas voltinhas mas banca a dignidade. Vive(?) para a família(?). É o personagem mais sofrido(?). Não se manda, para não perder a mordomia. Fraca, muito fraca. Tem sempre uma amiga confidente (com cara de quem tá afim do maridão). Quando fica viúva, solta a franga, vira atriz-amante. Pronto. O famoso e eterno triângulo está formado. E a família? Onde está a família? Se você, (menino novo ou menina nova), não quiser virar personagem, não faz isso não. Só namora. Se for casar, casa pensando que é pra valer. Valer a pena (pena de dó). O casamento, apesar de tudo, é quase tudo. O casamento só tem uma coisa ruim, o Divórcio: é que ele dá oportunidade de você casar outra vez...
a bebida___________________________________________
Voltando de uma festa, já alta madrugada, vejo o Baptistinha pousado no meio-fio da rua deserta, olhando para o infinito. A noitada deve ter sido muito boa.
“- O Baptistinha, o que você está fazendo aí? “Vão’bora, sô. Eu te dou uma carona !”
“- Não, “vô” não”
“- Que isso, rapaz, vamos!”
“- Não. Estou esperando.”
“- Esperando o quê, cara ?”
“- Passar um bar...”
o tira-gosto________________________________________
Quem faz por você, normalmente está fazendo primeiro pra ele mesmo.
Muito Antigo
Conversa de Botequim
Roberto J. Sousa.
o papo_____________________________________________
Breviário da Dona de casa:
- Para se tirar o cheiro de peixe da louça, antes de lavar os pratos, esfregam-se estes com folhas de chá ou não se come peixe.
- Para as mãos gretadas, um dos melhores sistemas é esfregá-las, duas ou três vezes por dia, com sumo de limão, sem luvas.
- A melhor maneira da seda preta se lavar, é metê-la na água em que tiverem sido cozidas batatas ou dá pra mãe da gente lavar.
- As nódoas de verniz e de alcatrão, tiram-se com essência de terebentina, irmã da Tereza mais a Benta.
- Para dar lustre ao xarão, emprega-se uma mistura composta de uma parte da irmã daquelas duas e três de azeite e ignore os apartes.
- Para tirar as nódoas deixadas nos móveis polidos pelos objetos quentes, basta esfregar a parte danificada com um naco de flanela com azeite ou óleo de linhaça, misturando com sal em pó. (pô!)
- Escreve o Dr Eleutério Patamar, em seu livro “Tabús Alimentares”:
Para certas práticas mágicas de abrandar coração, de despertar paixão nos namorados esquivos, utilizam-se muito, comidas ou bebidas. Por exemplo: comendo o “cabelo louro” (uma espécie de aponevrose ou tendão de boi) atrás da porta, a moça adquire mais graça.
Mas a pessoa que ambiciona ser o objeto desse amor, tem que recitar:
“Eu te piso e te repiso. No pilão de Salomão. Que sete estrelas o prendam, lhe dou força de luar. Para que possa abrandar o seu duro coração. Quem isto beber, quem isto chupar, há de me amar até morrer...”
(Que tempinho danado de bão!!!!)
a bebida___________________________________________
Volta e meia, o Dr. Demerval Sampaio, (O Carlão nunca sabe se é Demerval ou Dermeval...) eterno candidato a vereador, passava pelo botequim pra comprar maria-mole e trocar tampinha de refrigerante por miniatura de supererói. Dizia que era pras crianças. E falava pro Baptistinha:
- "Baptistinha, para de beber. A bebida inda vai te matar..."
E ele respondia:
- "Só se for pelas costas e a traição. Se ela vier pela frente, eu bebo ela toda..."
o tira-gosto________________________________________
"Secretária eletrônica de político fala: Por favor, após o recado deixe o sinal..."
Roberto J. Sousa.
o papo_____________________________________________
Breviário da Dona de casa:
- Para se tirar o cheiro de peixe da louça, antes de lavar os pratos, esfregam-se estes com folhas de chá ou não se come peixe.
- Para as mãos gretadas, um dos melhores sistemas é esfregá-las, duas ou três vezes por dia, com sumo de limão, sem luvas.
- A melhor maneira da seda preta se lavar, é metê-la na água em que tiverem sido cozidas batatas ou dá pra mãe da gente lavar.
- As nódoas de verniz e de alcatrão, tiram-se com essência de terebentina, irmã da Tereza mais a Benta.
- Para dar lustre ao xarão, emprega-se uma mistura composta de uma parte da irmã daquelas duas e três de azeite e ignore os apartes.
- Para tirar as nódoas deixadas nos móveis polidos pelos objetos quentes, basta esfregar a parte danificada com um naco de flanela com azeite ou óleo de linhaça, misturando com sal em pó. (pô!)
- Escreve o Dr Eleutério Patamar, em seu livro “Tabús Alimentares”:
Para certas práticas mágicas de abrandar coração, de despertar paixão nos namorados esquivos, utilizam-se muito, comidas ou bebidas. Por exemplo: comendo o “cabelo louro” (uma espécie de aponevrose ou tendão de boi) atrás da porta, a moça adquire mais graça.
Mas a pessoa que ambiciona ser o objeto desse amor, tem que recitar:
“Eu te piso e te repiso. No pilão de Salomão. Que sete estrelas o prendam, lhe dou força de luar. Para que possa abrandar o seu duro coração. Quem isto beber, quem isto chupar, há de me amar até morrer...”
(Que tempinho danado de bão!!!!)
a bebida___________________________________________
Volta e meia, o Dr. Demerval Sampaio, (O Carlão nunca sabe se é Demerval ou Dermeval...) eterno candidato a vereador, passava pelo botequim pra comprar maria-mole e trocar tampinha de refrigerante por miniatura de supererói. Dizia que era pras crianças. E falava pro Baptistinha:
- "Baptistinha, para de beber. A bebida inda vai te matar..."
E ele respondia:
- "Só se for pelas costas e a traição. Se ela vier pela frente, eu bebo ela toda..."
o tira-gosto________________________________________
"Secretária eletrônica de político fala: Por favor, após o recado deixe o sinal..."
Feijão Cru
Conversa de Botequim
Roberto J. Sousa.
o papo_____________________________________________
VAMOS LAVAR O FEIJÃO
Campanha de Recuperação Urbana
Partindo de uma vontade do Iano, bem que poderíamos ter um Outdoor assim. Tem coisa melhor, mais gostosa e mais bucólica do que ribeirão ? Daqueles que passam no quintal da gente ? Não precisa ter casa nas margens. O Feijão Cru está no quintal de todo mundo. Além de carregar a história de Leopoldina, ele também carrega lixo, bosta e o instinto de cidadania do leopoldinense. Ele só não fica mais sujo, porque não é maior. A sociedade tem que fazer seu papel. Higiênico. Recuperação urbana, aqui na nossa cidade, é como dar faxina em casa. Na casa da gente. E ele é tranqüilo, não enche. Alguns anos atras ele encheu. Mas, pô, até ele tem limites. Sabia que o sonho dele é virar rio ? É, pra nos servir. Sonha em ficar grávido de peixes. Quer sentir cosquinha de anzol. Se pudesse não desaguava, voltava correndo, como menino, pra escorregar outra vez. Quer lavar roupa pra fora para ganhar a vida. Quer dar água de beber. Tem vaidade também. Quer se enfeitar de flores. De plantas. Quer cheirar bem. Passar orgulhoso pela cidade, murmurando: "Tá pensando o que, Leopoldina também tem rio. E dos 'bão' ". Mas continua calado e desapercebido. Continua com seu trabalho silencioso de limpar a cidade. A gente podia, se todo mundo topasse, pegar uns quatro caminhões de vergonha, misturar com sabão em pó e dar uma lavada de primeira nele. Como vai sobrar sabão, dava uma guaribada no resto da cidade. Leopoldina é uma cidade limpa. As pessoas é que não são.
a bebida___________________________________________
O pai do Baptistinha já tá pra lá dos oitenta. Viúvo e sozinho. Mora na fazenda. Pão duro que só ele. E o Baptistinha é filho único. E fica doido pro velho vender a fazenda pra ele entrar na grana. E o velho resiste.
- "Ô Baptistinha, como é que vai o velho ?"
A resposta é baptistiniana:
- "Tá com uma saúde irritante..."
o tira-gosto________________________________________
"Nunca tente fazer um porco cantar. Primeiro, porque você vai perder o seu tempo e depois porque você vai irritar profundamente o porco".
Roberto J. Sousa.
o papo_____________________________________________
VAMOS LAVAR O FEIJÃO
Campanha de Recuperação Urbana
Partindo de uma vontade do Iano, bem que poderíamos ter um Outdoor assim. Tem coisa melhor, mais gostosa e mais bucólica do que ribeirão ? Daqueles que passam no quintal da gente ? Não precisa ter casa nas margens. O Feijão Cru está no quintal de todo mundo. Além de carregar a história de Leopoldina, ele também carrega lixo, bosta e o instinto de cidadania do leopoldinense. Ele só não fica mais sujo, porque não é maior. A sociedade tem que fazer seu papel. Higiênico. Recuperação urbana, aqui na nossa cidade, é como dar faxina em casa. Na casa da gente. E ele é tranqüilo, não enche. Alguns anos atras ele encheu. Mas, pô, até ele tem limites. Sabia que o sonho dele é virar rio ? É, pra nos servir. Sonha em ficar grávido de peixes. Quer sentir cosquinha de anzol. Se pudesse não desaguava, voltava correndo, como menino, pra escorregar outra vez. Quer lavar roupa pra fora para ganhar a vida. Quer dar água de beber. Tem vaidade também. Quer se enfeitar de flores. De plantas. Quer cheirar bem. Passar orgulhoso pela cidade, murmurando: "Tá pensando o que, Leopoldina também tem rio. E dos 'bão' ". Mas continua calado e desapercebido. Continua com seu trabalho silencioso de limpar a cidade. A gente podia, se todo mundo topasse, pegar uns quatro caminhões de vergonha, misturar com sabão em pó e dar uma lavada de primeira nele. Como vai sobrar sabão, dava uma guaribada no resto da cidade. Leopoldina é uma cidade limpa. As pessoas é que não são.
a bebida___________________________________________
O pai do Baptistinha já tá pra lá dos oitenta. Viúvo e sozinho. Mora na fazenda. Pão duro que só ele. E o Baptistinha é filho único. E fica doido pro velho vender a fazenda pra ele entrar na grana. E o velho resiste.
- "Ô Baptistinha, como é que vai o velho ?"
A resposta é baptistiniana:
- "Tá com uma saúde irritante..."
o tira-gosto________________________________________
"Nunca tente fazer um porco cantar. Primeiro, porque você vai perder o seu tempo e depois porque você vai irritar profundamente o porco".
Comida a Kilo
Conversa de Botequim
Roberto J. Sousa.
o papo_____________________________________________
Esse negócio de comer a quilo, é muito bom. Engraçado é que tem pessoas que não gostam ou não se adaptam a comer a quilo. Outras, enjoam. O vovô, por exemplo, não come a quilo há muito tempo. Vovó não deixa. Diz que na idade dele faz mal. Tem que ser um a comida caseira, viu vô ?. Comer a quilo todos os dias, também num dá. E a gente também não agüenta.
Pensa bem você comendo a quilo todo dia, todo dia. Primeiro, fica caro. Apesar de que comer a quilo não é caro. Você paga o que comeu. Mas a periodicidade é que mata. Eu conheci um cara que não conseguia comer normalmente. Só queria comer a quilo. Sabe o que aconteceu ? Morreu novo. Mas morreu tran-quilo... Vocês já notaram como tem lugar pra se comer a quilo? Aqui em Leopoldina, tem vários. Se você não quiser comer a quilo, não entre, saia. A variedade é grande. Você pode comer a quilo de várias maneiras. Tem gente que prefere comer a quilo em pé. Tem gente que senta pra comer a quilo. Tem gente que come a quilo andando ! É, caminhando pelo recinto, conversando com os outros e comendo a quilo. E tem fila pra comer a quilo. Um atrás do outro. Esperando sua vez de comer aquilo. E se a fila é grande, eles ficam babando de inveja de ver os outros já comendo a quilo. Ficam numa ansiedade... – “Aí, companheiro, resolveu a comer a quilo hoje pra variar, hem?” Um amigo meu, carente de comer a quilo, pois está internado no hospital, soube que tinha uma enfermeira/cozinheira que fazia a quilo. Implorou pra comer o a quilo dela. Acabou comendo o a quilo dela, deitado na cama. Já teve alta, mas não sai mais do hospital. Também, na maior mordomia, comendo a quilo todo dia, quem não quer? Em todo lugar que se come a quilo, tem sempre um cartaz: “Aqui é proibido comer a quilo sem camisinha”. Tem que ter compostura pra comer a quilo. Você que gosta de comer a quilo, cuidado. Não coma a quilo muito depressa. Pode acabar comendo cru.
a bebida___________________________________________
O Baptistinha não admitia bêbado. Tinha que saber beber. Profissionalmente. Tinha que ser aquele bêbado sóbrio. Elegante. Um dia, ele estava na porta de casa, quando passa um pedinte, rasgado de cachaça, completamente embriagado:
- “Ô, moço, dá um trocado aí pra mim comprar um pão...”
- “Não dou não, meu filho. Você tá fedendo a pão...”
o tira-gosto________________________________________
“Vou votar. Sei que ainda vou votar.”
Roberto Sousa
Roberto J. Sousa.
o papo_____________________________________________
Esse negócio de comer a quilo, é muito bom. Engraçado é que tem pessoas que não gostam ou não se adaptam a comer a quilo. Outras, enjoam. O vovô, por exemplo, não come a quilo há muito tempo. Vovó não deixa. Diz que na idade dele faz mal. Tem que ser um a comida caseira, viu vô ?. Comer a quilo todos os dias, também num dá. E a gente também não agüenta.
Pensa bem você comendo a quilo todo dia, todo dia. Primeiro, fica caro. Apesar de que comer a quilo não é caro. Você paga o que comeu. Mas a periodicidade é que mata. Eu conheci um cara que não conseguia comer normalmente. Só queria comer a quilo. Sabe o que aconteceu ? Morreu novo. Mas morreu tran-quilo... Vocês já notaram como tem lugar pra se comer a quilo? Aqui em Leopoldina, tem vários. Se você não quiser comer a quilo, não entre, saia. A variedade é grande. Você pode comer a quilo de várias maneiras. Tem gente que prefere comer a quilo em pé. Tem gente que senta pra comer a quilo. Tem gente que come a quilo andando ! É, caminhando pelo recinto, conversando com os outros e comendo a quilo. E tem fila pra comer a quilo. Um atrás do outro. Esperando sua vez de comer aquilo. E se a fila é grande, eles ficam babando de inveja de ver os outros já comendo a quilo. Ficam numa ansiedade... – “Aí, companheiro, resolveu a comer a quilo hoje pra variar, hem?” Um amigo meu, carente de comer a quilo, pois está internado no hospital, soube que tinha uma enfermeira/cozinheira que fazia a quilo. Implorou pra comer o a quilo dela. Acabou comendo o a quilo dela, deitado na cama. Já teve alta, mas não sai mais do hospital. Também, na maior mordomia, comendo a quilo todo dia, quem não quer? Em todo lugar que se come a quilo, tem sempre um cartaz: “Aqui é proibido comer a quilo sem camisinha”. Tem que ter compostura pra comer a quilo. Você que gosta de comer a quilo, cuidado. Não coma a quilo muito depressa. Pode acabar comendo cru.
a bebida___________________________________________
O Baptistinha não admitia bêbado. Tinha que saber beber. Profissionalmente. Tinha que ser aquele bêbado sóbrio. Elegante. Um dia, ele estava na porta de casa, quando passa um pedinte, rasgado de cachaça, completamente embriagado:
- “Ô, moço, dá um trocado aí pra mim comprar um pão...”
- “Não dou não, meu filho. Você tá fedendo a pão...”
o tira-gosto________________________________________
“Vou votar. Sei que ainda vou votar.”
Roberto Sousa
Papo de "Véio"
A assunto girava em torno da idade. A nossa turma é de meia idade e meia. O mais novo é o Salles, que nasceu em novembro de 50 e diz que é modelo 51. O mais velho é o Joel, que resolveu esconder a idade quando já não dava mais. E papo de velho é papo velho no Bar do Caçapa. E cada um tem o seu modo de encarar a velhice.
O Honório, o desafeto, é do tipo que faz exame todo mês. Não bebe, não fuma, faz sua caminhada matinal e tem alimentação balanceada. É um madrugador jovial. Um chato. Vive falando pro Baptistinha fazer exames. O Baptistinha diz que não faz:
- “Segundo minhas pesquisas, exame é o maior responsável pelo aparecimento de doenças...”
O Joel diz que o homem tem a idade da mulher com qual ele está. “Ficou velho, ou arruma uma mulher nova ou uma bengalinha”. O Baptistinha sugere as duas: mulher nova e bem galinha. Quando a gente sai, a mulher vira cobradora: “Não está esquecendo nenhum remédio, não? Tá tudo aí? Aquele branquinho do Dr. Guimarães que toma com aquele vermelhinho do Dr Almeida antes das refeições? Aquele grande que você tem dificuldade de engolir? O Dr Ribeiro falou que não pode mastigar ele não! O amarelinho do Dr Antônio, tem que tomar até morrer! E o meu azulzinho pra logo à noite? “. E aí, o Baptistinha já tem de moeda de troca pra cerveja. Menos o último, que ele toma com Plasil, pra fazer amor com a mulher todo dia e não enjoar.
O Salles anda muito preocupado: o médico falou que ele já está na idade de fazer exame um de próstata. Quer marcar uma data. O problema é quando o Salles estará apto a fazer este exame. Ele explica:
-“ O Dr. me falou que pra fazer, tem que ficar 24 horas antes sem andar de bicicleta e fazer sexo. Sem andar de bicicleta, eu até consigo...”
O Eleutério, dono daquele sítio, é o mais hipocondríaco da turma. Quando o Baptistinha, só de sacanagem, diz que descobriram uma doença nova no Japão, ele já começa sentir os sintomas e corre pra casa alucinado. Tem uma agenda de telefones só com nome de médicos. Só que na hora do aperto, é difícil encontrar o telefone do médico, pois ele agendou tudo na letra D: Dr. Plínio, Dr. Clóvis, Dr. Marcos, Dr. Geraldo, Dr. ...
Bom quando a gente se lembrava do aniversário da mulher, de festa em casa de amigo, do futebol semana que vem. Hoje, não. Hoje a gente só se lembra da data da consulta. E vai pro matadouro documentado: radiografia, ultra-sonografia, exame disso, exame daquilo, receita velha, lembrete pra não esquecer as perguntas da mulher e um medo danado do plano de saúde falhar. E você sai de lá com dois destinos: outro novo consultório ou o botequim. Se o último estiver no caminho do primeiro, o último fatalmente será o definitivo.
O Baptistinha tem um ponto de vista sobre a velhice: não falar sobre ela.. Mas diz que pensa muito sobre como será perder sua autonomia. É, porque velho, apesar da prerrogativa, só tem autonomia pra dar benção a afilhado que ele nem lembra mais.
Dos males, o menor. Diz ele que entre Alzheimer e Parkinson, ele prefere a primeira: -“É melhor esquecer de pagar a cerveja do que derrubar tudo na mesa...”
Roberto de Sousa
O Honório, o desafeto, é do tipo que faz exame todo mês. Não bebe, não fuma, faz sua caminhada matinal e tem alimentação balanceada. É um madrugador jovial. Um chato. Vive falando pro Baptistinha fazer exames. O Baptistinha diz que não faz:
- “Segundo minhas pesquisas, exame é o maior responsável pelo aparecimento de doenças...”
O Joel diz que o homem tem a idade da mulher com qual ele está. “Ficou velho, ou arruma uma mulher nova ou uma bengalinha”. O Baptistinha sugere as duas: mulher nova e bem galinha. Quando a gente sai, a mulher vira cobradora: “Não está esquecendo nenhum remédio, não? Tá tudo aí? Aquele branquinho do Dr. Guimarães que toma com aquele vermelhinho do Dr Almeida antes das refeições? Aquele grande que você tem dificuldade de engolir? O Dr Ribeiro falou que não pode mastigar ele não! O amarelinho do Dr Antônio, tem que tomar até morrer! E o meu azulzinho pra logo à noite? “. E aí, o Baptistinha já tem de moeda de troca pra cerveja. Menos o último, que ele toma com Plasil, pra fazer amor com a mulher todo dia e não enjoar.
O Salles anda muito preocupado: o médico falou que ele já está na idade de fazer exame um de próstata. Quer marcar uma data. O problema é quando o Salles estará apto a fazer este exame. Ele explica:
-“ O Dr. me falou que pra fazer, tem que ficar 24 horas antes sem andar de bicicleta e fazer sexo. Sem andar de bicicleta, eu até consigo...”
O Eleutério, dono daquele sítio, é o mais hipocondríaco da turma. Quando o Baptistinha, só de sacanagem, diz que descobriram uma doença nova no Japão, ele já começa sentir os sintomas e corre pra casa alucinado. Tem uma agenda de telefones só com nome de médicos. Só que na hora do aperto, é difícil encontrar o telefone do médico, pois ele agendou tudo na letra D: Dr. Plínio, Dr. Clóvis, Dr. Marcos, Dr. Geraldo, Dr. ...
Bom quando a gente se lembrava do aniversário da mulher, de festa em casa de amigo, do futebol semana que vem. Hoje, não. Hoje a gente só se lembra da data da consulta. E vai pro matadouro documentado: radiografia, ultra-sonografia, exame disso, exame daquilo, receita velha, lembrete pra não esquecer as perguntas da mulher e um medo danado do plano de saúde falhar. E você sai de lá com dois destinos: outro novo consultório ou o botequim. Se o último estiver no caminho do primeiro, o último fatalmente será o definitivo.
O Baptistinha tem um ponto de vista sobre a velhice: não falar sobre ela.. Mas diz que pensa muito sobre como será perder sua autonomia. É, porque velho, apesar da prerrogativa, só tem autonomia pra dar benção a afilhado que ele nem lembra mais.
Dos males, o menor. Diz ele que entre Alzheimer e Parkinson, ele prefere a primeira: -“É melhor esquecer de pagar a cerveja do que derrubar tudo na mesa...”
Roberto de Sousa
Pesque e Pague
O Eleutério Salustiano é o maior fazendeiro de 2 alqueires e ¼ da região. ¼ é porque a sede não tem nada além de um quarto de guardar material de pescaria e cerveja. E o poço, lógico.
Convite feito, fomos para a fenomenal, sensacional inauguração do ex-quase-futuro famoso Eulet’s Pesque-e-Pague. Eu, o Joel, o fusca 66 do Joel e a Dirce. Pra quem não conhece a Dirce, ela é a única freqüentadora, mulher, assídua do Bar do Caçapa. Solteirona, quarentona, “com cara de tango e andar de bolero”. É mais conhecida como Caixa de Isopor: é só encher ela de cerveja que você leva pra qualquer lugar.
Eu, que não gosto de pescar, pensei que ia ser um saco. Não, não foi. Foram dois. Vá lá, a cerveja estava geladinha. A companhia merecia o sacrifício. Primeiro porque esse negócio de pertinho, é bem “longinho”. Na beira do asfalto. Só quatro quilômetros. Mas quilômetro daqueles grandes. Justificativas:
– De carro é perto, “de a pé” é que é longe.
– A estrada é de chão, mas é melhor que asfalto !"
Daí uma meia hora saímos da civilização. Antes cada curva todo mundo pedia a Deus para já ser o lugar. Quando acabava a curva e via o lugar, rezava para não ser. Uma agonia ! Depois de 17 porteiras, duas atoladas e quatro “perguntadas”, chegamos.
E quem pesca anda cheio de equipamento. O Joel se fosse utilizar todos os seus, não ia dar nem tempo de pescar. Não, e a iscaologia ? Cada um tem a sua isca especialíssima, secretíssima para cada tipo e tamanho de peixe. E todos pescam com iscas diferentes e todos pegam os mesmos peixes. Sacanagem dos peixes.
O poço estava rodeado por uma cerca enorme de mourões branquinhos e roupas pendurada. Ao me aproximar vi que eram os pescadores. Se pra comer peixe tem que pescar, vou esperar o sermão da montanha.
O calor era terrível. Tinha passarinho voando com uma asa e se abanando com a outra. Eu fiquei com os mosquitos e pernilongos, que aliás, educadíssimos. Antes de me picar se desculpavam sussurrando qualquer coisa no meu ouvido. Sempre.
Suportei até por volta das seis. Estava mais perdido que cego em cinema mudo. Do alto da colina, de braços abertos, eu parecia o Cristo Redentor catequizando o povo lá embaixo para ir embora. Nessas alturas, a Dirce, tirando mira no copo, já estava discutindo com o Eleutério qual é a perna que o saci não tem. Dá pra agüentar?
O primeiro grito que eu dei foi abafado com um PSSSSSIIIIIIUUUUU uníssono:
- Vai espantar os peixes, ô palhaço!!!!
Essa era minha intenção. Mas, como eu era carona, continuei ouvindo conversa de mosquito. O isopor da Dirce esvaziando e ela vice versa. E foi assim até escurecer. E eu já preocupado em pegar banco de traz do fusca na hora da volta. 17 porteiras outra vez, definitivamente não!
Mas o lugar não é ruim, não. Dá até pra montar um bom motel. Já dei a dica para o Eleutério e tenho até o nome: Motel Peque-e-Pague.
Na volta, o Joel veio me contando:
- Sabe por que Baptistinha e o Salles não estão aqui? Fizeram promessa de parar de beber. Mas o Salles não resistiu muito tempo. Foi beber no botequim do Arruda. Chegando lá quase pega o Baptistinha pedindo uma cerveja:
- Baptistinha !!!, “que cê ta” fazendo aqui ?
E ele todo sem jeito:
- É... é... é que eu “tô” te seguindo pra ver se tu “tá ou num tá” na nossa promessa.
- Me seguindo ? Mas como, se eu cheguei e você já estava aqui ? Hem? Hem? Hem?
- É que eu te segui mais depressa que você...
Roberto Sousa
Convite feito, fomos para a fenomenal, sensacional inauguração do ex-quase-futuro famoso Eulet’s Pesque-e-Pague. Eu, o Joel, o fusca 66 do Joel e a Dirce. Pra quem não conhece a Dirce, ela é a única freqüentadora, mulher, assídua do Bar do Caçapa. Solteirona, quarentona, “com cara de tango e andar de bolero”. É mais conhecida como Caixa de Isopor: é só encher ela de cerveja que você leva pra qualquer lugar.
Eu, que não gosto de pescar, pensei que ia ser um saco. Não, não foi. Foram dois. Vá lá, a cerveja estava geladinha. A companhia merecia o sacrifício. Primeiro porque esse negócio de pertinho, é bem “longinho”. Na beira do asfalto. Só quatro quilômetros. Mas quilômetro daqueles grandes. Justificativas:
– De carro é perto, “de a pé” é que é longe.
– A estrada é de chão, mas é melhor que asfalto !"
Daí uma meia hora saímos da civilização. Antes cada curva todo mundo pedia a Deus para já ser o lugar. Quando acabava a curva e via o lugar, rezava para não ser. Uma agonia ! Depois de 17 porteiras, duas atoladas e quatro “perguntadas”, chegamos.
E quem pesca anda cheio de equipamento. O Joel se fosse utilizar todos os seus, não ia dar nem tempo de pescar. Não, e a iscaologia ? Cada um tem a sua isca especialíssima, secretíssima para cada tipo e tamanho de peixe. E todos pescam com iscas diferentes e todos pegam os mesmos peixes. Sacanagem dos peixes.
O poço estava rodeado por uma cerca enorme de mourões branquinhos e roupas pendurada. Ao me aproximar vi que eram os pescadores. Se pra comer peixe tem que pescar, vou esperar o sermão da montanha.
O calor era terrível. Tinha passarinho voando com uma asa e se abanando com a outra. Eu fiquei com os mosquitos e pernilongos, que aliás, educadíssimos. Antes de me picar se desculpavam sussurrando qualquer coisa no meu ouvido. Sempre.
Suportei até por volta das seis. Estava mais perdido que cego em cinema mudo. Do alto da colina, de braços abertos, eu parecia o Cristo Redentor catequizando o povo lá embaixo para ir embora. Nessas alturas, a Dirce, tirando mira no copo, já estava discutindo com o Eleutério qual é a perna que o saci não tem. Dá pra agüentar?
O primeiro grito que eu dei foi abafado com um PSSSSSIIIIIIUUUUU uníssono:
- Vai espantar os peixes, ô palhaço!!!!
Essa era minha intenção. Mas, como eu era carona, continuei ouvindo conversa de mosquito. O isopor da Dirce esvaziando e ela vice versa. E foi assim até escurecer. E eu já preocupado em pegar banco de traz do fusca na hora da volta. 17 porteiras outra vez, definitivamente não!
Mas o lugar não é ruim, não. Dá até pra montar um bom motel. Já dei a dica para o Eleutério e tenho até o nome: Motel Peque-e-Pague.
Na volta, o Joel veio me contando:
- Sabe por que Baptistinha e o Salles não estão aqui? Fizeram promessa de parar de beber. Mas o Salles não resistiu muito tempo. Foi beber no botequim do Arruda. Chegando lá quase pega o Baptistinha pedindo uma cerveja:
- Baptistinha !!!, “que cê ta” fazendo aqui ?
E ele todo sem jeito:
- É... é... é que eu “tô” te seguindo pra ver se tu “tá ou num tá” na nossa promessa.
- Me seguindo ? Mas como, se eu cheguei e você já estava aqui ? Hem? Hem? Hem?
- É que eu te segui mais depressa que você...
Roberto Sousa
Feriadão
O Baptistinha parte do seguinte princípio: “Você quer ver? escuta...”
E quando ele conta história, é um filme. A gente assiste. Eu pego lugar na primeira fila, na turma do gargarejo. Pago até ingresso, se preciso for.
Fomos andando pela alameda, que é nosso atalho para o Bar do Caçapa, enquanto ele contava a viagem “weekend” de seu cunhado, Honório, o desafeto:
Seis horas da manhã , Lote 15, Jardim Gramacho, Duque de Caxias. Honório, mulher e Cia. Ilimitada. se preparando pro domingão na praia de Mauá. O automóvel, por ser uma “ruralwilis” , mais parecia um móvel_alto. Ano 63. Origem: desconhecida. Cor: verde e bege (pelo menos constava no documento). Malhada de plastic. Reformadinha. As rodas da frente, genuvalgas. As de trás, horizontais. Na caixa de ferramentas um alicate, um pedaço de arame de varal e uma chave de fenda de máquina de costura Singer. O estepe é de uma kombi, emprestado. Duas garrafas de coca litro com água. Não, não é pra beber no caminho, não. É pro carro, quando começar a subir a serra. Barraca de praia remendada, faltando o pau de apoio. O mesmo estampado do maiô da mulher. Isopor amarrado com barbante, 17 nós. Rádio de ombro. Carro lotado. As crianças, no banco de trás, já estão saindo na porrada há muito tempo.
Depois do vizinho ajudar o Honório a dar uma chupeta na bateria e inserir a mulher no veículo, é só tirar o paralelepípedo da roda, um empurrãzinho e... para. A mulher esqueceu o frango com farofa. Mas deu pra sair as 11. Na entrada de Magé, eles encostam na sombra de uma árvore. Para esperar o colega do Banco do Brasil ,Carlos Célio,auxiliar de escrita referência 050, que também vai. Todos descem, menos a mulher. Dá muita mão de obra inserir de novo. Eles viajam juntos não é por camaradagem só, não. É pra um socorrer o outro, se for necessário. O colega vai na frente. Lógico, a rural dele é 62, bem velha e pode enguiçar. E como enguiçou. Muito. A ponto de que quando a moça do pedágio falou para o colega: “- R$ 4,50”, ele bateu o martelo: “ – Vendida!”. E lá vão parando. Pra comer milho verde. Pro caldo de cana. Pra por água. Pra comprar jaca. Para e volta, porque errou. Para pra por água. Para porque caiu um isopor. Para porque o guarda mandou. Para pra comprar pamonha. Para pra por água. Para pra vomitar (quando dá tempo). A mão do pai, de vez em quando, larga da mudança e manda bofetão pra trás, pegue no menino que pegar. “- Já falei ‘proceis’ que não quero que fale nome feio na frente da senhora sua mãe, ô seus filhos d #@&*...!!!!”
Chegaram na hora de voltar. Voltaram na hora de sair. Mas eles nem gostam de praia, mesmo. Eles curtem é aventura. Na volta o Honório falou para o colega:
- “A gente veio pra passear, tá certo. Mas você precisava trazer o carro?”
Nesta altura da história, no final da alameda, eu e o Baptistinha estancamos na porta do ginásio, na hora da sineta da saída. Ficamos aguardando passar o estouro da boiada para seguir nosso rumo ao boteco. O Baptistinha ali, paradinho. Mãozinhas cruzadas. Barriguinha pra frente, tentando contar as cabeças. Uma professora, muito gentil, pensou naquele vovôzinho ali esperando o netinho e perguntou pra ele:
- “Ôi, vovôzinho, o senhor está esperando alguém ?
- “Não, minha senhora. A barriga é de cerveja mesmo...”
Roberto Sousa
E quando ele conta história, é um filme. A gente assiste. Eu pego lugar na primeira fila, na turma do gargarejo. Pago até ingresso, se preciso for.
Fomos andando pela alameda, que é nosso atalho para o Bar do Caçapa, enquanto ele contava a viagem “weekend” de seu cunhado, Honório, o desafeto:
Seis horas da manhã , Lote 15, Jardim Gramacho, Duque de Caxias. Honório, mulher e Cia. Ilimitada. se preparando pro domingão na praia de Mauá. O automóvel, por ser uma “ruralwilis” , mais parecia um móvel_alto. Ano 63. Origem: desconhecida. Cor: verde e bege (pelo menos constava no documento). Malhada de plastic. Reformadinha. As rodas da frente, genuvalgas. As de trás, horizontais. Na caixa de ferramentas um alicate, um pedaço de arame de varal e uma chave de fenda de máquina de costura Singer. O estepe é de uma kombi, emprestado. Duas garrafas de coca litro com água. Não, não é pra beber no caminho, não. É pro carro, quando começar a subir a serra. Barraca de praia remendada, faltando o pau de apoio. O mesmo estampado do maiô da mulher. Isopor amarrado com barbante, 17 nós. Rádio de ombro. Carro lotado. As crianças, no banco de trás, já estão saindo na porrada há muito tempo.
Depois do vizinho ajudar o Honório a dar uma chupeta na bateria e inserir a mulher no veículo, é só tirar o paralelepípedo da roda, um empurrãzinho e... para. A mulher esqueceu o frango com farofa. Mas deu pra sair as 11. Na entrada de Magé, eles encostam na sombra de uma árvore. Para esperar o colega do Banco do Brasil ,Carlos Célio,auxiliar de escrita referência 050, que também vai. Todos descem, menos a mulher. Dá muita mão de obra inserir de novo. Eles viajam juntos não é por camaradagem só, não. É pra um socorrer o outro, se for necessário. O colega vai na frente. Lógico, a rural dele é 62, bem velha e pode enguiçar. E como enguiçou. Muito. A ponto de que quando a moça do pedágio falou para o colega: “- R$ 4,50”, ele bateu o martelo: “ – Vendida!”. E lá vão parando. Pra comer milho verde. Pro caldo de cana. Pra por água. Pra comprar jaca. Para e volta, porque errou. Para pra por água. Para porque caiu um isopor. Para porque o guarda mandou. Para pra comprar pamonha. Para pra por água. Para pra vomitar (quando dá tempo). A mão do pai, de vez em quando, larga da mudança e manda bofetão pra trás, pegue no menino que pegar. “- Já falei ‘proceis’ que não quero que fale nome feio na frente da senhora sua mãe, ô seus filhos d #@&*...!!!!”
Chegaram na hora de voltar. Voltaram na hora de sair. Mas eles nem gostam de praia, mesmo. Eles curtem é aventura. Na volta o Honório falou para o colega:
- “A gente veio pra passear, tá certo. Mas você precisava trazer o carro?”
Nesta altura da história, no final da alameda, eu e o Baptistinha estancamos na porta do ginásio, na hora da sineta da saída. Ficamos aguardando passar o estouro da boiada para seguir nosso rumo ao boteco. O Baptistinha ali, paradinho. Mãozinhas cruzadas. Barriguinha pra frente, tentando contar as cabeças. Uma professora, muito gentil, pensou naquele vovôzinho ali esperando o netinho e perguntou pra ele:
- “Ôi, vovôzinho, o senhor está esperando alguém ?
- “Não, minha senhora. A barriga é de cerveja mesmo...”
Roberto Sousa
Lincon (assim mesmo)
Peça rara, o Lincon. É sempre o primeiro. A chegar e a sair do Bar do Caçapa. Se criou na invernada de Olaria. Vida dura. Foi salva-vidas na enseada de Botafogo. Só salvou um ser humano em toda carreira: o próprio. Ficou surdo de um ouvido quando foi “embolado” pela única onda, em noventa e sete anos, que apareceu no Mourisco. Unha de fome. Nunca vi mais pão duro. Sempre tomou sua cerveja sozinho mas também não filava de ninguém. E nem oferecia. Não rodeava a mesa só pra não pagar. Casou-se com a Verinha, uma hippie que vagava por lá. Apaixonou-se pela “inteligência” dela. É, babava e se enchia de orgulho quando ela falava:
- Eu, enquanto ser humano, a nível de pessoa, tenho toda uma história que transcende, percebeu você ? – um sorriso iluminava seu rosto.
E algumas histórias do Lincon viraram lendas. Outras, se não foram com ele, passaram a ser. Um dia a Verinha passa lá pelo o bar:
- Lincon, me dá vinte reais aí que eu vou a feira.
- Vinte !? Pra que dez? Toma cinco gasta dois e trás o troco...
Essa foi com seu filho:
- Pai, me dá cinco pratas aí.
Ele, com a mão em forma de concha no ouvido surdo, não entendia:
- O que se falou, filho?
- Me dá cinco pratas.
- Hem ? fala mais alto..
- ME DÁ DEZ PRATAS AÍ !!!
- Não, você tinha falado cinco...
O Antenor é um camelô que aparece e desaparece no nosso boteco. Camelô daqueles antigos, com voz de tenor: “- É a gilete “ingreza” e a caneta “isquerográfis”! É o salgado e dôce, vai? Da mate gelado vai !?”. Fazia também um joguinho do bicho. E bebia muito. E o Lincon não admitia bêbado. Tinha que saber beber. Profissionalmente ou industrialmente Tinha que ser aquele bêbado sóbrio. Elegante. Estava na porta do bar, quando chega o Antenor:
- Ô Lincon, dá um trocado aí pra mim comprar um pão...
- Não dou não, Antenor. Você tá fedendo muito a pão...
Arrastado e ameaçado, ele e a Verinha. foram visitar um casal de amigos dela. Mas desses casais chatos. Desses que o cara não bebe, faz ginástica, assiste o Fantástico e acompanha novela. Ela, dessas que chamam o marido de “beemm”, daquelas que se aprontam pra dormir, pois podem sonhar que estão numa festa. E tome biscoitinho, bolinho, desses de receita de televisão e o Lincon com numa vontade danada de tomar uma cerveja. Lá pelas tantas, jogou verde:
- Tá quente, né ...?
A esposa do cara, gentilmente, numa educação superficialmente irritante , lhe pergunta:
- O senhor aceitaria uma água ?
- Minha senhora, eu tô é com sede. Não tô sujo, não...
Quatro horas da manhã e nada do Baptistinha chegar em casa. Mandaram o Lincon procurá-lo. A alguns metros do Caçapa, ele vê o Baptistinha entrando no carro pra sair, no maior fogão. Pensou:
- Se eu for lá ele vai me esculhambar, dizendo que não precisa de babá e os cambau. Vou ficar escondido aqui e acompanhá-lo de carro pra ver se ele chega bem em casa.
E lá foram. E o Baptistinha entra em rua, saia de rua, entra em rua, sai de rua. Rodando a cidade toda. Comendo calçada. E o Lincon atrás.
- Pô, o Baptistinha tá procurando botequim aberto. Não vai pra casa!
Ao dobrar uma esquina, vê o carro do Baptistinha abraçado num poste:
- É você, Lincon ? Pô, que sorte rapaz. Me ajuda aí. Estava tentando escapar. Tem um cara me perseguindo desde lá do Bar Paraiso ...
Roberto Sousa
- Eu, enquanto ser humano, a nível de pessoa, tenho toda uma história que transcende, percebeu você ? – um sorriso iluminava seu rosto.
E algumas histórias do Lincon viraram lendas. Outras, se não foram com ele, passaram a ser. Um dia a Verinha passa lá pelo o bar:
- Lincon, me dá vinte reais aí que eu vou a feira.
- Vinte !? Pra que dez? Toma cinco gasta dois e trás o troco...
Essa foi com seu filho:
- Pai, me dá cinco pratas aí.
Ele, com a mão em forma de concha no ouvido surdo, não entendia:
- O que se falou, filho?
- Me dá cinco pratas.
- Hem ? fala mais alto..
- ME DÁ DEZ PRATAS AÍ !!!
- Não, você tinha falado cinco...
O Antenor é um camelô que aparece e desaparece no nosso boteco. Camelô daqueles antigos, com voz de tenor: “- É a gilete “ingreza” e a caneta “isquerográfis”! É o salgado e dôce, vai? Da mate gelado vai !?”. Fazia também um joguinho do bicho. E bebia muito. E o Lincon não admitia bêbado. Tinha que saber beber. Profissionalmente ou industrialmente Tinha que ser aquele bêbado sóbrio. Elegante. Estava na porta do bar, quando chega o Antenor:
- Ô Lincon, dá um trocado aí pra mim comprar um pão...
- Não dou não, Antenor. Você tá fedendo muito a pão...
Arrastado e ameaçado, ele e a Verinha. foram visitar um casal de amigos dela. Mas desses casais chatos. Desses que o cara não bebe, faz ginástica, assiste o Fantástico e acompanha novela. Ela, dessas que chamam o marido de “beemm”, daquelas que se aprontam pra dormir, pois podem sonhar que estão numa festa. E tome biscoitinho, bolinho, desses de receita de televisão e o Lincon com numa vontade danada de tomar uma cerveja. Lá pelas tantas, jogou verde:
- Tá quente, né ...?
A esposa do cara, gentilmente, numa educação superficialmente irritante , lhe pergunta:
- O senhor aceitaria uma água ?
- Minha senhora, eu tô é com sede. Não tô sujo, não...
Quatro horas da manhã e nada do Baptistinha chegar em casa. Mandaram o Lincon procurá-lo. A alguns metros do Caçapa, ele vê o Baptistinha entrando no carro pra sair, no maior fogão. Pensou:
- Se eu for lá ele vai me esculhambar, dizendo que não precisa de babá e os cambau. Vou ficar escondido aqui e acompanhá-lo de carro pra ver se ele chega bem em casa.
E lá foram. E o Baptistinha entra em rua, saia de rua, entra em rua, sai de rua. Rodando a cidade toda. Comendo calçada. E o Lincon atrás.
- Pô, o Baptistinha tá procurando botequim aberto. Não vai pra casa!
Ao dobrar uma esquina, vê o carro do Baptistinha abraçado num poste:
- É você, Lincon ? Pô, que sorte rapaz. Me ajuda aí. Estava tentando escapar. Tem um cara me perseguindo desde lá do Bar Paraiso ...
Roberto Sousa
Batendo Laje
Não consegui. Juro que não consegui. Tentei acabar esta crônica para o último número da GNL, mas nada feito. Fiquei “exaurido garcia”. No domingo trabalhei mais do que padre com oito missas. Mãos trêmulas, pernas bambas, dor nas costas e garganta seca. Vejam a prosopopéia da epopéia.
Tem um amigo do Joel que está em obras. Fazendo um “puxadinho” no barraco. E preparou para gente um programão: ajudar a bater uma laje! Como a gente topa tudo, vamos lá. O Baptistinha confirmou só porque vai de chefe de turma e fez as pazes com o Joel. (teria dito que atrás de um grande homem tem sempre uma mulher que não se casou com o Joel - ele soube disso e ficou de mal.)
No domingo todo mundo lá. Cedinho. Que cenário! Todo mundo de ressaca do sábado, daquelas que a lei permite a eutanásia. Outra turma foi para ajudar: um bando de caras de calção surrado, descolorido. Espelhinho redondo de mulher pelada, carteira profissional ensebada e pente flamengo no bolso de trás. Camiseta, da mesma marca do pente, jogada no ombro. Equipados e preparados. Vinte e três batedores. De laje.
O Joel providenciou tudo . Duas garrafas de guaraná simbá, trinta e cinco litros de cachaça “rancatampa”, sete “azinhas” de frango, 150 gramas de linguiça e encontra-o-filé. Cerveja, bebe quem levou. E pra gente, a bagagem não pesava nada. Dois “bandeids” para qualquer perda de dedo.
O dono da laje é descendente de índio e sempre ralou muito na vida. O Joel tem a maior admiração por ele: já carregou mala no aeroporto, lavou banheiro de rodoviária, foi porteiro de cemitério e agora está contando paralelepípedo pra prefeitura. Coisa de índio.
E a dona do dono da laje ? Cento e vinte quilos. Você não sabe se ela está indo ou se está voltando. Bermuda de lycra vermelha. Blusa azul. Lógico, lenço amarelo na cabeça. No carnaval estava fantasiada de Tiazinha: do pescoço pra cima parecia o Zorro, pra baixo o Sargento Garcia. De quando em quando gritava pra moçada:
- “Aí, cambada, 10 minuto prus cafezes qui cimento entopi a guela!
E o filho da dona do dono da laje?. Com roupa de ver Deus, claro. Tênis do colégio todo molhado porque não deu tempo de secar. Cabelo cortado como o de dupla sertaneja. O Lincon ficou amigo dele. Até pediu para tomar conta dele, para ele não atrapalhar o serviço dos outros. Entende?
E o som ? Ah, o som. Tem um primo, que mora em Bangu 1, cela 15, , sei lá, que saca pacas de som. Aliás, tem sempre um primo do Rio que é o bonzão. E o cara chega de óculos escuro na cabeça, naquela brasília amarela, rebaixada, tala larga, provocando a maior admiração. Sempre com uma mulher que se acha a gostosa. E tome pagode.
Copo de papel para as crianças e madames. Para os homens, não. Para os homens, copo de vidro. Daqueles de geleia de mocotó, que não conseguiram tirar o rótulo todo.
O Baptistinha falou que o difícil não é o trabalho, é a coordenação. Sabe lá o que é administrar 23 começando a beber e mais 6 de ressaca? Ficou rouco. O Salles, que não bebe qualquer coisa, levou o seu “oudieite” e ponderou:
– “Whisky quanto mais velho, melhor. Gosto dele mais hoje do que a trinta anos atrás...”
O Joel quase brigou com Baptistinha de novo:
- “Pô, a gente aqui ralando num solão danado e o Baptistinha com o Salles na maior sombra. Ele é muito egoísta. Pensa mais nele do que em mim...”
Lá pelas tantas cervejas, deu vontade de fazer xixi. O Lincon olhou para um lado e para o outro, procurando um lugar para desaguar. Não ia fazer no banheiro da casa, pois não confiava na turma da laje que estava batendo a própria. Foi para um muro do outro lado da rua. Enquanto estava vertendo, passaram duas vizinhas do amigo do Joel:
- "Ai, Meu Deus. Que vergonha. Que coisa indecente. Nossa Senhora. Cruzes. Passa depressa. Não olha não !!!!"
E o Lincon:
- "Ôceis num preocupa não, muiérada. O bicho é brabo, mas tá na mão de homem..."
E assim foi o dia. Todo mundo comendo, cantando e bebendo. E o mais importante: todo mundo feliz. Ter dinheiro não é tudo. Solidariedade é o que vale. É isso aí. Dizem até que Deus gosta tanto de pobre, que fez um monte.
Tem um amigo do Joel que está em obras. Fazendo um “puxadinho” no barraco. E preparou para gente um programão: ajudar a bater uma laje! Como a gente topa tudo, vamos lá. O Baptistinha confirmou só porque vai de chefe de turma e fez as pazes com o Joel. (teria dito que atrás de um grande homem tem sempre uma mulher que não se casou com o Joel - ele soube disso e ficou de mal.)
No domingo todo mundo lá. Cedinho. Que cenário! Todo mundo de ressaca do sábado, daquelas que a lei permite a eutanásia. Outra turma foi para ajudar: um bando de caras de calção surrado, descolorido. Espelhinho redondo de mulher pelada, carteira profissional ensebada e pente flamengo no bolso de trás. Camiseta, da mesma marca do pente, jogada no ombro. Equipados e preparados. Vinte e três batedores. De laje.
O Joel providenciou tudo . Duas garrafas de guaraná simbá, trinta e cinco litros de cachaça “rancatampa”, sete “azinhas” de frango, 150 gramas de linguiça e encontra-o-filé. Cerveja, bebe quem levou. E pra gente, a bagagem não pesava nada. Dois “bandeids” para qualquer perda de dedo.
O dono da laje é descendente de índio e sempre ralou muito na vida. O Joel tem a maior admiração por ele: já carregou mala no aeroporto, lavou banheiro de rodoviária, foi porteiro de cemitério e agora está contando paralelepípedo pra prefeitura. Coisa de índio.
E a dona do dono da laje ? Cento e vinte quilos. Você não sabe se ela está indo ou se está voltando. Bermuda de lycra vermelha. Blusa azul. Lógico, lenço amarelo na cabeça. No carnaval estava fantasiada de Tiazinha: do pescoço pra cima parecia o Zorro, pra baixo o Sargento Garcia. De quando em quando gritava pra moçada:
- “Aí, cambada, 10 minuto prus cafezes qui cimento entopi a guela!
E o filho da dona do dono da laje?. Com roupa de ver Deus, claro. Tênis do colégio todo molhado porque não deu tempo de secar. Cabelo cortado como o de dupla sertaneja. O Lincon ficou amigo dele. Até pediu para tomar conta dele, para ele não atrapalhar o serviço dos outros. Entende?
E o som ? Ah, o som. Tem um primo, que mora em Bangu 1, cela 15, , sei lá, que saca pacas de som. Aliás, tem sempre um primo do Rio que é o bonzão. E o cara chega de óculos escuro na cabeça, naquela brasília amarela, rebaixada, tala larga, provocando a maior admiração. Sempre com uma mulher que se acha a gostosa. E tome pagode.
Copo de papel para as crianças e madames. Para os homens, não. Para os homens, copo de vidro. Daqueles de geleia de mocotó, que não conseguiram tirar o rótulo todo.
O Baptistinha falou que o difícil não é o trabalho, é a coordenação. Sabe lá o que é administrar 23 começando a beber e mais 6 de ressaca? Ficou rouco. O Salles, que não bebe qualquer coisa, levou o seu “oudieite” e ponderou:
– “Whisky quanto mais velho, melhor. Gosto dele mais hoje do que a trinta anos atrás...”
O Joel quase brigou com Baptistinha de novo:
- “Pô, a gente aqui ralando num solão danado e o Baptistinha com o Salles na maior sombra. Ele é muito egoísta. Pensa mais nele do que em mim...”
Lá pelas tantas cervejas, deu vontade de fazer xixi. O Lincon olhou para um lado e para o outro, procurando um lugar para desaguar. Não ia fazer no banheiro da casa, pois não confiava na turma da laje que estava batendo a própria. Foi para um muro do outro lado da rua. Enquanto estava vertendo, passaram duas vizinhas do amigo do Joel:
- "Ai, Meu Deus. Que vergonha. Que coisa indecente. Nossa Senhora. Cruzes. Passa depressa. Não olha não !!!!"
E o Lincon:
- "Ôceis num preocupa não, muiérada. O bicho é brabo, mas tá na mão de homem..."
E assim foi o dia. Todo mundo comendo, cantando e bebendo. E o mais importante: todo mundo feliz. Ter dinheiro não é tudo. Solidariedade é o que vale. É isso aí. Dizem até que Deus gosta tanto de pobre, que fez um monte.
Contrato Matrimonial
O Salles foi intimado a noivar e casar. Como era o primeiro, pediu ao Baptistinha, que já está no terceiro e foi do Ministério da Justiça, para elaborar, como está na moda, um Contrato Pré Nupcial. Depois de pensar durante uns dois copos, roubou o lápis da orelha do Caçapa, molhou a ponta na língua e, num papel de pacote de cigarros, rabiscou o seguinte contrato:
do noivado: estará disponível para os cônjuges um sofá com direito a fiscalização da família. Serão permitidos beijos na face, carinhos condizentes aos bons costumes, passeios ao luar de mãos dadas, sorveteria e ver vitrines de quarto de recém nascidos no shopping. Sexo, só depois do casamento. (apesar de não se acreditar na existência de sexo depois do casamento).
do convívio: é obrigação dos dois cônjuges freqüentarem, com ou sem seus descendentes, algum lugar notoriamente público, pelo menos uma vez por semana, para manter a aparência, diante da sociedade, de que vivem harmoniosamente.
da prole: obrigações do cônjuge feminino com os filhos: Dar educação, saúde, e dinheiro. Levar a escola, pegar, levar a festinhas, pegar, até o dia que der uma baita encrenca, tendo então o direito de listar, minuciosamente e prazerosamente, os defeitos dos antepassados do outro cônjuge, definindo-os como responsáveis. O cônjuge masculino só tem a obrigação de fazê-los.
do domicílio: o cônjuge feminino tem o direito de trocar os móveis ou quadros de lugar mensalmente. Contratar bombeiro, eletricista, empregada. Caso algum desses profissionais não funcione a contento, tem o direito de dizer que foram indicados pelo cônjuge oposto. O cônjuge oposto tem o direito de dar o braço a torcer.
da individualidade: é de direito do cônjuge masculino sair , a sós, para encontrar seus amigos, pelo menos uma vez por semana, no Bar Paraíso. É de direito do cônjuge feminino sair uma vez por semana na companhia da mãe, tia ou irmã mais velha, desde que responsável, para demonstrações de tapeware ou missa na catedral (opcional).
da traição: com o advento de um terceiro cônjuge e se for só de conhecimento da sociedade local, nenhuma ação poderá ser perpetrada. Só algum tempo depois, quando um dos dois cônjuges descobrir, pode, o descobridor, pedir a rescisão deste contrato, ficando com a fama.
do domingo: é de obrigação do cônjuge feminino preparar o desjejum com pratos típicos do domingo: salpicão, frango ou lombinho, macarronada, tutu, etc. Cabe ao cônjuge masculino ficar deitado no sofá, lendo a GLN, atento ao chamado: “Tá na mesa!”
da partilha: cabe ao cônjuge feminino ficar com tudo. Cabe ao cônjuge masculino ir morar com a mãe.
dos agregados: o cônjuge feminino tem o direito de se furtar ao encontro de sogra, cunhados, cunhadas ou filhos problemáticos dos outros relacionamentos do cônjuge oposto. O cônjuge oposto não tem.
do sexo: os cônjuges devem estar limpos e disponíveis pelo menos uma hora por dia, em dias intercalados, para realizações sexuais do outro. O total de horas semanais, definido entre as partes, pode ser transferido para um só dia, avaliando-se o apetite e a idade dos cônjuges.
parágrafo único: todos os artigos estarão sem efeito se existir amor.
Como tratante: Carmem Suely das Dores de Maria
Contra riado: ALLtamiro SaLLes LLaguardia.
Esse papo de casório fez o Baptistinha mergulhar na nostalgia. Lembrou do seu primeiro encontro com sua mulher, a Mírtes. Ela era muito recatada. Não dava bola para ninguém. Não aceitava cantada. Mais dura de roer do que beira de sino. E ele conversando com ela, atento o tempo todo, procurava uma “deixa” para dar uma das suas famosas cantadas. E nada. Até que, no meio da conversa, ela falou:
- Sabe, Baptistinha, o importante é que eu tenho uma beleza interior...
E ele aproveitou:
- Posso entrar “pra” ver ?...”
do noivado: estará disponível para os cônjuges um sofá com direito a fiscalização da família. Serão permitidos beijos na face, carinhos condizentes aos bons costumes, passeios ao luar de mãos dadas, sorveteria e ver vitrines de quarto de recém nascidos no shopping. Sexo, só depois do casamento. (apesar de não se acreditar na existência de sexo depois do casamento).
do convívio: é obrigação dos dois cônjuges freqüentarem, com ou sem seus descendentes, algum lugar notoriamente público, pelo menos uma vez por semana, para manter a aparência, diante da sociedade, de que vivem harmoniosamente.
da prole: obrigações do cônjuge feminino com os filhos: Dar educação, saúde, e dinheiro. Levar a escola, pegar, levar a festinhas, pegar, até o dia que der uma baita encrenca, tendo então o direito de listar, minuciosamente e prazerosamente, os defeitos dos antepassados do outro cônjuge, definindo-os como responsáveis. O cônjuge masculino só tem a obrigação de fazê-los.
do domicílio: o cônjuge feminino tem o direito de trocar os móveis ou quadros de lugar mensalmente. Contratar bombeiro, eletricista, empregada. Caso algum desses profissionais não funcione a contento, tem o direito de dizer que foram indicados pelo cônjuge oposto. O cônjuge oposto tem o direito de dar o braço a torcer.
da individualidade: é de direito do cônjuge masculino sair , a sós, para encontrar seus amigos, pelo menos uma vez por semana, no Bar Paraíso. É de direito do cônjuge feminino sair uma vez por semana na companhia da mãe, tia ou irmã mais velha, desde que responsável, para demonstrações de tapeware ou missa na catedral (opcional).
da traição: com o advento de um terceiro cônjuge e se for só de conhecimento da sociedade local, nenhuma ação poderá ser perpetrada. Só algum tempo depois, quando um dos dois cônjuges descobrir, pode, o descobridor, pedir a rescisão deste contrato, ficando com a fama.
do domingo: é de obrigação do cônjuge feminino preparar o desjejum com pratos típicos do domingo: salpicão, frango ou lombinho, macarronada, tutu, etc. Cabe ao cônjuge masculino ficar deitado no sofá, lendo a GLN, atento ao chamado: “Tá na mesa!”
da partilha: cabe ao cônjuge feminino ficar com tudo. Cabe ao cônjuge masculino ir morar com a mãe.
dos agregados: o cônjuge feminino tem o direito de se furtar ao encontro de sogra, cunhados, cunhadas ou filhos problemáticos dos outros relacionamentos do cônjuge oposto. O cônjuge oposto não tem.
do sexo: os cônjuges devem estar limpos e disponíveis pelo menos uma hora por dia, em dias intercalados, para realizações sexuais do outro. O total de horas semanais, definido entre as partes, pode ser transferido para um só dia, avaliando-se o apetite e a idade dos cônjuges.
parágrafo único: todos os artigos estarão sem efeito se existir amor.
Como tratante: Carmem Suely das Dores de Maria
Contra riado: ALLtamiro SaLLes LLaguardia.
Esse papo de casório fez o Baptistinha mergulhar na nostalgia. Lembrou do seu primeiro encontro com sua mulher, a Mírtes. Ela era muito recatada. Não dava bola para ninguém. Não aceitava cantada. Mais dura de roer do que beira de sino. E ele conversando com ela, atento o tempo todo, procurava uma “deixa” para dar uma das suas famosas cantadas. E nada. Até que, no meio da conversa, ela falou:
- Sabe, Baptistinha, o importante é que eu tenho uma beleza interior...
E ele aproveitou:
- Posso entrar “pra” ver ?...”
terça-feira, 14 de julho de 2009
"Acabou nosso carnaval..."
Uma vez li um texto no blog da minha amiga Karla, http://verborréia.blog.terra.com.br, em que ela dizia gostar da idéia de que o Brasil poderia ser um país satanista. Calma, não pensem o pior, o que ela queria discutir é que o brasileiro aproveita todos os feriados católicos para cometer o maior número de pecados possíveis. Ainda me divirto ao lembrar dos trechos em que ela imaginava tudo isso como uma forma de protesto, como se as pessoas estivessem fazendo um grande boicote a Cristo.
Reflexões a parte, o boicote não é contra Deus, é à rotina. O povo brasileiro não perdoa feriado, é como se o mundo fosse acabar ao seu fim. Bebemos tanto na véspera de Natal quanto no 6 de setembro ou 14 de novembro. A importância histórica ou religiosa das datas já não importa mais, já tem até açougue patrocinando missa em Sexta-Feira Santa. O que importa é a folga, é o dia sem aula, é o relógio que pode despertar mais tarde e que vira uma desculpa perfeita para romper com o cotidiano e beber até cair.
Agora, se existe uma festividade católica que mais se parece com uma comemoração pagã, essa é o carnaval. Até parece uma festa em homenagem ao Deus Dionísio, deus do vinho, da embriaguez e dos excessos, principalmente os sexuais. Para quem não sabe, estas festas eram chamadas de bacanais, e eram exatamente do jeito que vocês devem estar imaginando.
O carnaval virou sinônimo de orgia, em todos os sentidos, seja ela sexual, musical, cultural e até cerebral. Tem gente que acha que pode comer todo mundo, e quando eu digo “todo mundo” é todo mundo mesmo, e depois ainda tem a cara de pau de falar que o que acontece no carnaval não conta, tava “mamado”. E as músicas? O gringo que vier pra cá procurando samba tá lascado, o que se ouve na rua é uma confusão de funk com axé eletrônico tocado por uma banda de forró.
Não sou hipócrita de dizer que não aproveito o carnaval da forma em que ele está, também não vim aqui pra falar que faço parte de uma geração perdida ou para tentar convencê-los de cantar o hino nacional no 7 de Setembro. A verdade é que sinto saudades dos velhos carnavais, e se podemos idealizar um bar, porque não um carnaval?
Como em uma colcha costurei retalhos de histórias de carnaval recolhidos pelas noites regadas à cerveja e nostalgia. Como seria bom ter de volta a Banda do Caneco, e de preferência com o Bar do Seu Geraldo em volta. Imaginem vocês, voltarem a fazer música especialmente para o carnaval e depois poderem falar: “Vocês lembram daquela de 2008 que fizeram pro Obama?”, seria sensacional. Melhor, só se as fantasias voltassem às ruas, as mulheres com suas plumas e paetês e os homens com suas camisas listradas e chapéus do Panamá. Que maravilha seria voltar para casa assobiando a música tema daquele ano e encontrar o seu melhor amigo, vestido de anjo, sentado no meio fio e aos prantos porque a Quarta-Feira de Cinzas chegou.
Bruno Lima
sábado, 11 de julho de 2009
Salve Salve Novos Amigos!!!
Durante anos tentamos buscar um bar onde tudo vira samba. Procuramos por becos e garrafas, rastreamos calçada, mergulhamos esquinas e, por muito pouco¹, não dormimos na zona. Fizemos grandes amigos, perdemos também, como os amores que nunca entenderam e nunca vão entender a beleza de se viver um butiquim.
Não que a gente não procure por damas, mas é que o melhor do buteco acontece depois que as deixamos em casa, quando o príncipe vira sapo e a adormecida revira na cama. O bom da vida é o fim da noite, que se fosse pela gente não terminaria nunca, é um violão incansável, que não recusa pedidos, a não ser que peçam-lhe detalhes tão pequenos de nós dois. É uma dose de cachaça meiada, meiada com os amigos, que só pode ser virada de um gole só, fazer careta até pode, o que não pode é fazer feio.
Como diria o Sr. Roberto: “Um brinde a vida e a emoção, aos amigos, ao sorriso, aos felizes de plantão.” Um brinde a todos esses bares, percorridos de solidão em balcão, de gargalo em cigarro, mas que nunca conseguiram ser um só. Um brinde ao Dr. Iano, afunda dor de tal empíreo, que conseguiu ajuntá-los, que conseguiu idealizar um bar aonde todos são bem vindos, onde a gente é tudo que tinha vontade de ser, mesmo que não seja, onde o “choro vira canto, onde a vida desatina”, onde o boêmio, enfim, encontra sua sina.
Butiquim, esse, que não se encontra pelos sendeiros da vida, que só se permite nas cabeças de quem o espera.
Ainda esperamos pelo BAR PARAÍSO.
Mas antes que a noite termine, sente com a gente, conte a sua estória, afinal sempre haverá tempo para mais uma saideira. Mandem suas contribuições para o blog, enfim o buteco é de todos. Bem vindos ao BAR PARAÍSO.
¹. Não nos pergunte o porquê.
Augusto Lima e Bruno Lima
Não que a gente não procure por damas, mas é que o melhor do buteco acontece depois que as deixamos em casa, quando o príncipe vira sapo e a adormecida revira na cama. O bom da vida é o fim da noite, que se fosse pela gente não terminaria nunca, é um violão incansável, que não recusa pedidos, a não ser que peçam-lhe detalhes tão pequenos de nós dois. É uma dose de cachaça meiada, meiada com os amigos, que só pode ser virada de um gole só, fazer careta até pode, o que não pode é fazer feio.
Como diria o Sr. Roberto: “Um brinde a vida e a emoção, aos amigos, ao sorriso, aos felizes de plantão.” Um brinde a todos esses bares, percorridos de solidão em balcão, de gargalo em cigarro, mas que nunca conseguiram ser um só. Um brinde ao Dr. Iano, afunda dor de tal empíreo, que conseguiu ajuntá-los, que conseguiu idealizar um bar aonde todos são bem vindos, onde a gente é tudo que tinha vontade de ser, mesmo que não seja, onde o “choro vira canto, onde a vida desatina”, onde o boêmio, enfim, encontra sua sina.
Butiquim, esse, que não se encontra pelos sendeiros da vida, que só se permite nas cabeças de quem o espera.
Ainda esperamos pelo BAR PARAÍSO.
Mas antes que a noite termine, sente com a gente, conte a sua estória, afinal sempre haverá tempo para mais uma saideira. Mandem suas contribuições para o blog, enfim o buteco é de todos. Bem vindos ao BAR PARAÍSO.
¹. Não nos pergunte o porquê.
Augusto Lima e Bruno Lima
Nota de Abertura
Muitas histórias do Bar Paraíso são dedicadas a todos que ajudaram ou ajudam a escrever a saga dos boêmios de botequim. O Bar Paraíso não tem endereço. Ele está dentro de cada um, se você perceber. Se for da noite. Se você sabe de alguma história, manda pra gente. Neste espaço cabe todo mundo. E sem apertar.
Várias dessas histórias foram de corpo presente ou de copo presente, se você preferir. Algumas, se não aconteceram, irão acontecer uma noite. Outras tantas se passaram em qualquer boteco desses escondidos na cidade. Muitas outras foram contadas por amigos de copo. Em qualquer lugar de tomador de cerveja que se preze, existirá um Baptistinha, um Carlão, um Joel, um Salles, uma galeria de estereótipos de botequim. Inúmeros desses personagens já estiveram em sua mesa, no balcão do seu botequim, no papo da esquina.
São os boêmios. Os filósofos do cotidiano. A sagacidade, a ironia, a presença de espírito, a alma em estado de alerta. Levam a vida brincando. Não ligam pra ela por que ela não tem telefone. Com grande bom humor, transformam a vida em uma coisa suportável, mesmo sendo diária.
E o ambiente de trabalho é quase sempre o mesmo. Tem que ser "butiquim ". Beira de rua. Cerveja gelada sem isopor. Copo americano. Tira-gosto de fazer vegetariano comer guardanapo. Balcão de dar calo no cotovelo. Não pode ser muito limpo, não. Tem que ter cheiro de gente. O banheiro tem que feder. Se tiver papel higiênico, sabão e espelho, já passou pra categoria de lanchonete. Aí já pode até levar criança. Televisão, nem pensar. Violão pode e deve. O pano de limpar mesa tem que sujar. Cerveja self-service. Tem que ser daqueles que mulher não entra. E quando entra, passa a pensar como homem. O garçom tem que fazer parte da quadrilha. Este é o ambiente propício a proliferação dos boêmios.
E todo mundo é igual a todo mundo. Rapaz, quantas amizades definitivas foram consolidadas em um botequim? Você entrar no recinto e pedir uma gelada, é como dar um sinal de maçom. Todos já sabem que você é gente boa. Não dou dois minutos, você já é o mais novo amigo de infância de um cara que você nunca viu. Tem coisa melhor ?
Você aprende mais lá que em sete anos no Tibete. Por que o boêmio saca pacas da vida. E te dá de presente.
Pena que o boêmio de hoje está com layout da Globo.
Entre, em qualquer botequim, no Bar Paraíso que a gente leva com a gente...
Roberto J. de Souza
Várias dessas histórias foram de corpo presente ou de copo presente, se você preferir. Algumas, se não aconteceram, irão acontecer uma noite. Outras tantas se passaram em qualquer boteco desses escondidos na cidade. Muitas outras foram contadas por amigos de copo. Em qualquer lugar de tomador de cerveja que se preze, existirá um Baptistinha, um Carlão, um Joel, um Salles, uma galeria de estereótipos de botequim. Inúmeros desses personagens já estiveram em sua mesa, no balcão do seu botequim, no papo da esquina.
São os boêmios. Os filósofos do cotidiano. A sagacidade, a ironia, a presença de espírito, a alma em estado de alerta. Levam a vida brincando. Não ligam pra ela por que ela não tem telefone. Com grande bom humor, transformam a vida em uma coisa suportável, mesmo sendo diária.
E o ambiente de trabalho é quase sempre o mesmo. Tem que ser "butiquim ". Beira de rua. Cerveja gelada sem isopor. Copo americano. Tira-gosto de fazer vegetariano comer guardanapo. Balcão de dar calo no cotovelo. Não pode ser muito limpo, não. Tem que ter cheiro de gente. O banheiro tem que feder. Se tiver papel higiênico, sabão e espelho, já passou pra categoria de lanchonete. Aí já pode até levar criança. Televisão, nem pensar. Violão pode e deve. O pano de limpar mesa tem que sujar. Cerveja self-service. Tem que ser daqueles que mulher não entra. E quando entra, passa a pensar como homem. O garçom tem que fazer parte da quadrilha. Este é o ambiente propício a proliferação dos boêmios.
E todo mundo é igual a todo mundo. Rapaz, quantas amizades definitivas foram consolidadas em um botequim? Você entrar no recinto e pedir uma gelada, é como dar um sinal de maçom. Todos já sabem que você é gente boa. Não dou dois minutos, você já é o mais novo amigo de infância de um cara que você nunca viu. Tem coisa melhor ?
Você aprende mais lá que em sete anos no Tibete. Por que o boêmio saca pacas da vida. E te dá de presente.
Pena que o boêmio de hoje está com layout da Globo.
Entre, em qualquer botequim, no Bar Paraíso que a gente leva com a gente...
Roberto J. de Souza
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