Seguindo o conselho de Paulo Mendes Campos, resolvi tomar parte de um divertido exercício literário e escrever minha própria lista de coisas deleitáveis (confesso que as coisas abomináveis me tomariam muito mais tempo).
Terminar de ler um livro; andar descalço na grama úmida, comer amora no pé e sair cuspindo vermelho; fisgar peixe grande; conversar com dono de butiquim simpático; encontrar velho amigo com boa memória; cigarro à noitinha na varanda, quando bate uma brisa leve; céu estrelado de interior; poema de Vinicius de Moraes; Pablo Neruda em madrugada de melancolia; violão bem tocado; piano bem tocado; conhecer gente que conheceu quem você admira; conversa inesperada com desconhecido durante o almoço; passarinho quando pousa perto da gente; tarde em Leopoldina na casa do Sr. Roberto; escrever texto a dois (Night!); criança brincando em parquinho; água de côco gelada em dia de ressaca; “sombra de árvore”; taxista bom de papo; “ganhar uísque de presente”; disco de vinil bem conservado; comer com fome; “dormir cansado”; acertar tiro ao alvo de primeira; “batucada bem batida”; batida bem batucada; samba bem dançado; carnaval com marchinha, confete e serpentina; “rasgar papéis inúteis”; “andar de bailarina’; sorriso de moça bonita; “aroma de madeira”; terminar tarefa importante, em cima do prazo; comer algodão doce depois de velho; 1º de Janeiro; Fevereiro; feijão novinho; choro de Pixinguinha; cochilo no sofá ao som de uma musiquinha bem baixinha; soprar dente de leão; passar a tarde em Santa Tereza, em um dia de primavera; comer caranguejo; observar quadro do Hooper pela primeira vez, principalmente Nighthawks; uísque on the rocks; mesa farta; pão quentinho com manteiga fresca; fazer amizade com pessoas com o triplo da sua idade; ler, deitado no sofá, em da de chuva fina; sentir cheiro de chuva; conto de Aldir Blanc; conto do Roberto, aquele mesmo de Leopoldina; sino de igreja; ganhar fruta fresca na feira; sotaque de Porto Alegre; rir de besteira; inventar personagens para conversar com sigo mesmo; dinheiro achado no chão; ganhar dedicatória em livro; chinelo havaiana em dia de semana, de tarde; descobrir um butiquim novo em que o dono é o maior barato; comprar instrumento musical; galinha caipira no fogão de lenha; aprender que a faca de pão é o melhor instrumento pra se descascar abacaxi; coceira de bicho de pé; cheiro de café quando se acorda; fotografia dos familiares quando jovens; ducha quente de hotel chique; brincar de cozinhar; a primeira poesia; Manuel Antônio de Almeida aos 14; Jorge Amado aos 16; Cartola aos 18; O Pasquim aos 20; solo de trompete; descobrir pessoa com voz bonita; feijoada no aniversário; cachacinha especial no dia da feijoada pra compartilhar com o amigo que chegar mais cedo; ver o Tio Maurício bebendo cerveja; relembrar amor antigo; terminar de escrever um texto; “escrever a própria lista de coisas deleitáveis”.
grauuuuuuuu
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